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Eles merecem
CLÓVIS ROSSI
São Paulo - Celso Pitta (PPB), prefeito de São Paulo, conseguiu a façanha
de ser o pior dos 21 governantes avaliados pelo Datafolha (dez governadores, dez prefeitos e o presidente da República).
Tem apenas 11% de "ótimo/bom",
nota média 3,4.
Se não merecesse avaliação tão negativa pelo que fez nos seus dois anos
de gestão, Pitta mereceria nota até inferior pelo que vem fazendo com seu
padrinho político, Paulo Salim Maluf,
nos últimos dias.
Pitta está promovendo um festival
de cenas de oportunismo explícito,
tendo como importante coadjuvante
sua mulher, Nicéa.
Nada a opor ao rompimento entre
Pitta e Maluf. Cada um sabe onde lhe
aperta o sapato. Além disso, a história
política brasileira está carregada de
exemplos semelhantes, em que a criatura se volta contra o criador.
Mas o momento escolhido para a
ruptura é eloquente demais: Pitta calou-se durante dois anos, alega até ter
pago "o frango que não comeu" (em
alusão ao escândalo batizado de
"frangogate") e só agora, quando Maluf deixa de ser poder ou expectativa
de poder, vem a público para crucificar seu antecessor.
É tão lerdo de raciocínio que precisou de dois anos para descobrir incompatibilidades com Maluf?
Igualmente eloquente é a frase de
Nicéa Pitta sobre o seu voto nas eleições estaduais de outubro: diz ter votado em Mário Covas, mas só no primeiro turno, porque, no segundo, havia um fotógrafo por perto que poderia, eventualmente, registrar o candidato escolhido.
Quer dizer: a ruptura e o exercício
da indignação com Maluf ficam confinados ao segredo, ao momento em que
ninguém está vendo. Já vi muitos tipos
de indignação, mas jamais vira indignação envergonhada.
Sou capaz de apostar que, se Maluf
tivesse sido eleito, nada disso estaria
ocorrendo.
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