|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"SPREAD" ABUSIVO
Apesar do movimento de queda na taxa de juros básica promovido pelo Banco Central, o
"spread" cobrado pelos bancos nas
operações de crédito aumentou, contribuindo para elevar os juros pagos
por empresas e consumidores. O
"spread" é a diferença entre os custos de captação e o de aplicação dos
recursos financeiros. Ele cobre os
gastos com as instalações, os salários, os impostos, os depósitos compulsórios, a inadimplência esperada
e a margem de lucro desejada.
Em dezembro de 2004, o "spread"
médio nas operações de crédito era
de 26,8 pontos percentuais. Um ano
depois, havia subido para 28,8 pontos percentuais, de acordo com o BC.
Apesar de o custo de captação médio
ter recuado para 17,1% ao ano, as taxas de juros cobradas nas operações
de crédito subiram para 45,9%.
Esse movimento está em flagrante
contradição com as perspectivas para o crédito doméstico. No final de
2004, a taxa de juros básica apresentava forte tendência de alta.
Já a partir de setembro de 2005, a situação se inverteu.
Parece evidente que o aumento no
"spread" decorre basicamente da expansão das margens de lucros dos
bancos. Em algumas modalidades,
como o crédito ao consumidor, a taxa média de juros praticada pelos
bancos aumentou 8,8 pontos percentuais, acima da registrada em novembro de 2005, saltando para
65,2% ao ano em dezembro!
O crescimento na oferta de financiamento foi liderado pelos bancos
privados, cujas carteiras de crédito se
expandiram 25,3%, em comparação
com dezembro de 2004. Nos bancos
públicos, o aumento foi de 16,1%. A
expansão ocorreu no segmento de
taxas de juros livres, que apresentaram um crescimento de 25,6%.
O fato reforça o sentimento de que
existe uma atuação oligopolista dos
bancos brasileiros. Se aumentou a
procura por crédito, deveria haver
mais competição pelos clientes, o
que redundaria na redução dos
"spreads". Mas o caso brasileiro ignora o que reza a cartilha liberal.
Aqui, a margem dos bancos cresceu.
Texto Anterior: Editoriais: VOTO ISLÂMICO Próximo Texto: São Paulo - Vinicius Torres Freire: O alckmista Índice
|