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CARLOS HEITOR CONY
Cão de fogo vermelho
RIO DE JANEIRO - Não se trata de um negócio da China, que a tradição
assegura ser coisa boa, transação ao
mesmo tempo rendosa e fácil. Recebo
informações de diversas fontes garantindo que o século 21 será da China, como os séculos anteriores foram
dos Estados Unidos e da Inglaterra.
Não tenho elementos para aceitar
ou negar a afirmação. Que a China
vem dando sorte, vem. Que é uma gigante que chegou a desbancar a produção dos nossos sapatos, as balanças comerciais confirmam. Como nada entendo de economia, atribuo o
atual sucesso chinês ao fato de estar o
país atravessando o ano do Cão do
Fogo Vermelho. Com a vantagem de
ser um ano que não dura 365 dias como o nosso, dura mais, obedecendo a
um ciclo de 60 anos presididos pelos
animais que visitaram Buda pouco
antes de seu desaparecimento
-uma vez que Buda não morreu:
desapareceu, o que não é vantagem,
muita gente aqui no Brasil desaparece por variados motivos.
Os animais homenageados são
igualmente variados: Rato, Boi, Tigre, Coelho, Dragão, Serpente, Cavalo, Carneiro, Macaco, Galo, Cão, Porco ou Javali. E são associados a cinco
elementos terrestres: metal, água,
madeira, fogo e terra, cada qual com
sua cor. Os chineses entraram no ano
do Cão de Fogo Vermelho, que começou na segunda lua nova do solstício
do inverno, que caiu no dia de ontem, 29 de janeiro.
No Brasil adotamos o calendário
gregoriano. Não tem dado sorte. Não
tivemos um Buda visitado por animais antes de seu desaparecimento,
mas temos o jogo do bicho. Poderíamos criar ciclos de 24 anos, com os
nomes dos animais sorteados pelo
barão de Drummond que teria inventado a nossa loteria mais popular.
Começaríamos com a águia e terminaríamos com a vaca, passando pela
borboleta, pelo veado e pelo jacaré.
Não sei que animal presidiria este
ano eleitoral. Lula é fruto do mar,
não chega a ser animal. O único político de que neste momento me lembro é o Enéas, que também é Carneiro. Poderia dar certo.
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