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FERNANDO DE BARROS E SILVA
Fora, Suplicy!
SÃO PAULO - O senador Eduardo
Suplicy chegou à reunião da Executiva Estadual do PT, ontem pela
manhã, montado em 19% das intenções voto ao governo de São Paulo,
conforme registrou o Datafolha.
Deixou a mesma reunião, horas depois, anunciando que abria mão da
disputa partidária em benefício do
senador Aloizio Mercadante, que
aparece com 13% na pesquisa.
O desfecho da novela (a candidatura Mercadante) era previsível,
mas o roteiro de ontem (a desistência instantânea de Suplicy) não.
O fato é que Suplicy foi massacrado pelo exército lulista. De quase 20
oradores presentes à reunião, nenhum o encorajou a levar suas pretensões adiante. Houve, pelo contrário, pressão unânime para demovê-lo. Um dos petistas, especialmente hostil, chegou a mencionar a
eleição ao governo paulista de 1986,
quando Suplicy, depois de passar
por uma crise pessoal, interrompeu
a campanha e se refugiou por alguns dias na serra da Cantareira,
alegando ter "perdido o eixo".
"Fiquei surpreso", diz o senador,
referindo-se à falta de receptividade a seu nome. Havia, mesmo, a intenção de assustá-lo, conforme relatos a esta coluna. As gentilezas ficaram por conta do café da manhã
que lhe foi oferecido pelo presidente do PT paulista, Edinho Silva, com
pão de queijo, suco de caju e bolo
-uma variedade à mesa "muito incomum" por lá, segundo o anfitrião
fez questão de dizer antes de lhe introduzir o menu amargo da política.
Mercadante será -como já era-
o candidato. Em 2006, ele foi derrotado no primeiro turno por José
Serra. Seu maior desafio ainda é
conseguir chegar ao segundo turno.
O episódio de ontem no PT mostra, por um lado, a capacidade quase
infinita de Suplicy de jogar para a
plateia, faturando algo mesmo
quando é derrotado. Sua desistência passa por "gesto de grandeza".
Mostra também que, para a cúpula,
Suplicy é quase um corpo estranho
ao partido, um satélite midiático,
circense, personalista. E mostra sobretudo a submissão disciplinada
do PT à palavra e à vontade de Lula.
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