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CONTÁGIO ARGENTINO
A carta de intenções assinada
entre o presidente Eduardo Duhalde e setores da base do governo,
na quarta-feira passada, proporcionou alguma descompressão, ainda
que efêmera, à mais recente crise política argentina.
A aprovação da lei que dificulta a liberação dos depósitos bloqueados,
que agora passa a depender do aval
da Suprema Corte e do Banco Central, tenta ajudar o país a ganhar tempo para restaurar a confiança no sistema financeiro. A nova lei possibilitou a reabertura dos mercados financeiros e cambiais.
Todavia o novo ministro da Economia, Roberto Lavagna, tem pela frente tarefas muito difíceis: liberar pelo
menos parte dos depósitos bloqueados, monitorar a paridade cambial,
evitar uma explosão inflacionária,
promover o ajuste fiscal das Províncias, viabilizar um acordo com o FMI
e reativar a economia.
Sobre os recursos retidos e a situação quase falimentar do sistema financeiro, o governo acena com a
possibilidade de entregar bônus do
Estado e dos bancos, de maneira
compulsória, aos titulares de depósitos a prazo (mais ou menos 40 bilhões de pesos). E deseja oferecer, de
maneira voluntária, títulos públicos
aos detentores de recursos em contas
correntes e de poupança.
A ausência de solução para a crise
argentina ajuda a deteriorar as expectativas no Brasil. Em comparação
com o primeiro trimestre de 2001, as
exportações brasileiras para a Argentina encolheram 68,9%, e as importações, 27,5% -déficit de US$ 780,9
milhões. As estimativas sobre superávit comercial brasileiro vão sendo
rebaixadas, o que aumenta a necessidade de captação de recursos externos (estimada em US$ 50 bilhões). A
renda média do trabalho no Brasil
cai pelo 14º mês consecutivo comparada ao mesmo período do ano anterior. As estimativas sobre a expansão
do PIB começam a baixar dos 2,5%
iniciais para a casa dos 2%.
Resta saber como o Banco Central
vai reagir a essa por ora ligeira deterioração das expectativas. Paradoxalmente, se não retomar a política de
redução gradual da taxa de juros, o
BC vai realimentar o ceticismo.
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