São Paulo, domingo, 30 de abril de 2006

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PAINEL DO LEITOR @ - leitor@uol.com.br


Inclusão social
"Magnífica a proposta de Luiz Inácio Lula da Silva, candidato não-assumido à reeleição presidencial: "o que o Brasil precisa é de um choque de inclusão social, no qual milhões de pessoas possam ter seus empregos, renda, educação, saúde e todos os direitos de plena cidadania". Irrepreensível. Resta em aberto a questão: quem seria capaz de resgatar o Brasil, de trazer, enfim, o que o discurso do não-candidato Lula da Silva propõe, uma vez que foi precisamente o governo Lula da Silva o principal responsável pela maior transferência de renda dos pobres para os ricos na história deste país? O país precisa de inclusão social, sem dúvida, mas quem conduzirá tal processo? Os três últimos governos (dois tucanos e um petista) demonstraram ser incapazes de realizar esse desiderato."
Lázaro Curvêlo Chaves (São José do Rio Pardo, SP)

Movimentos sociais
"Algumas questões não me ficaram devidamente esclarecidas nas palavras proferidas pelo presidente da OAB durante a posse da ministra Ellen Gracie na presidência do STF. Segundo o advogado Roberto Busato, os movimentos sociais são manipulados pelos líderes, que são golpistas e autoritários. Além disso, são compostos por uma massa de desempregados e subempregados que, ao serem manipulados contra as classes alta e média, ameaçam a paz pública, constrangendo a sociedade civil para evitar que ela se manifeste. Preciso que me esclareçam os seguintes pontos: para Busato, os desempregados e os subempregados não fazem parte da sociedade civil? Por que as classes alta e média (a sociedade civil em sua leitura) podem se manifestar e os desempregados e subempregados, não? Por que as classes alta e média são conscientes em suas manifestações e os desempregados e subempregados são manipulados quando se manifestam?"
Daniel Henrique Diniz Barbosa (Belo Horizonte, MG)

 

"Quando leio nos jornais sobre os escândalos que envolvem políticos membros do governo federal e sobre as ameaças dos líderes dos ditos movimentos sociais, fico me perguntando se a indignação que eles mostravam contra a corrupção na era Collor era verdadeira ou só servia para que chegassem ao poder por meio do PT. Ah, já entendi, os fins justificam os meios."
Marli Aparecida M. de Campos (São Paulo, SP)

Desenvolvimentismo
"Gostaria de parabenizar os autores do artigo "Os desenvolvimentistas e as aves de rapina" ("Tendências/Debates", 28/4). É muito estimulante saber que jovens doutores altamente capacitados estão na linha de frente da defesa do nosso país, numa demonstração clara de que formamos não apenas financistas mas economistas preocupados com os destinos de nossa população. Foi definitiva a lembrança de que, nos últimos 15 anos, nenhum desenvolvimentista passou perto do edifício do Ministério da Fazenda."
Fernando Amalio da Silva (Niterói, RJ)

Água Espraiada
"Em carta publicada no "Painel do Leitor" em 27/4, Jorge Wilheim, ex-secretário de Planejamento da gestão Marta Suplicy (PT), manifesta posições sobre a Operação Urbana Água Espraiada que merecem esclarecimentos. 1. O custo para a extensão da avenida Jornalista Roberto Marinho é de quase R$ 1 bilhão, sendo necessária a remoção de cerca de 50 mil pessoas. É obra complexa, que não será paga apenas com Cepacs, como sugere Wilheim. Exige parcerias e planejamento, o que faltou a obras da gestão petista, como o túnel da Rebouças. 2. A venda de Cepacs sob a gestão de Jorge Wilheim foi um fracasso. A Emurb ofertou, no fim de 2004, 70 mil títulos da Operação Urbana Água Espraiada e vendeu só 16.899 (24% do total); o leilão da Operação Faria Lima (em 27/12/2004) ofereceu 90 mil títulos e vendeu 9.091 (10%). 3. A atual administração, em 29/11 do ano passado, ofertou 56.500 Cepacs da Operação Água Espraiada e vendeu com ágio 100% dos títulos, a preços 20% superiores aos de 2004. Isso mostra que é fundamental planejar as operações do ponto de vista urbanístico e econômico-financeiro. Nos dois aspectos, a gestão do PT foi lamentável. 4. A falta de coerência de Wilheim fica clara no caso do Relatório de Impacto Ambiental da Operação Água Espraiada, aprovado na gestão petista. O relatório estabeleceu a necessidade de requalificação da avenida dos Bandeirantes e a adoção de restrições ao transporte de cargas na avenida Roberto Marinho. Agora, os dois pontos são criticados e esquecidos por ele. Parece não ter lido o relatório quando auxiliava o PT. 5. Por fim, Wilheim mostra que não se atualiza sobre a cidade nem lê jornais. A obra da avenida Roberto Marinho (ponte estaiada), parada e sem projeto executivo em 2004, foi retomada em 2005. Em 24/3/2006 foram inaugurados pelo ex-prefeito José Serra os dois viadutos sobre a avenida Berrini. Em vez de escrever bobagens, o ex-secretário poderia ir ver a obra que diz estar "parada"."
Regina Monteiro, diretora de Meio Ambiente e Paisagismo da Emurb (São Paulo, SP)

Dalai-lama
"É impressionante o fato de a visita do dalai-lama ao Brasil ser o tempo todo avaliada em reais ("Dalai-lama reúne público hippie chique", Cotidiano, 28/4). Qualquer evento exige preparação e a criação de condições para que possa ocorrer, e isso envolve dinheiro. Budista ou não-budista, seja qual for a religião que se adote, é preciso comer, beber, ir ao banheiro, dormir, locomover-se, vestir-se, pagar conta de água, de luz, de gás, condomínio, telefone, ir ao médico, fazer exames, comprar remédios... Ou seja, a transcendência não é física, apesar de a espiritual poder contribuir com o bem-estar físico. Os grandes mestres de todas as religiões não andam sobre nuvens, não ficam isentos das mesmas diarréias que nos atingem. Os grandes mestres budistas são iluminados no que concerne ao desapego às ilusões ou desejos, e isso é muito sutil para ser compreendido pela mídia. Outra coisa: é muito bom que a moça de saia de seda transpassada, sandalinha Prada e blusinha GAP disponha-se a ver o dalai-lama. Isso não o desmerece em nada, mas propicia à moça uma oportunidade de, se for o caso, sentir-se feliz e repensar seus valores."
Aglael Gama Rossi (São Paulo, SP)

Varig
"Será que o problema do presidente Lula é apenas não querer injetar dinheiro na Varig? Quando ocorreu a fusão da Varig com a TAM, sob a liderança de José Dirceu, a Varig foi deixada com menos de 10% do capital, atitude muito suspeita e protecionista em relação à TAM. A Varig, por decisão do STJ, é credora do governo em cerca de R$ 4 bilhões, mas ainda não recebeu esse valor. A Transbrasil recebeu ação idêntica. O financiamento do metrô de Caracas pelo BNDES e o perdão das dívidas de pequenos países pelo governo brasileiro são mais importantes do que pagar sua dívida à Varig? Não parece que há a intenção de destruir a Varig para que cresça outra empresa que tem a simpatia do governo? Esse silêncio e desprezo do governo lhe será retribuído nas eleições deste ano pelos 11 mil funcionários da Varig. O governo não precisa ajudar a Varig, mas não deve destruir quem, no passado, emprestou seus escritórios a muitos homens que hoje estão no governo."
Nouha Brais Nader, ex-comissária da Varig (São Paulo, SP)


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