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Novas estratégias
Cenário econômico favorável estimula novos produtos financeiros e a diversificação das carteiras de aplicações
DIANTE da redução da
taxa de juros básica, da
queda no risco-país e
da expectativa crescente de os títulos de dívida brasileira alcançarem classificação
de investimento não-especulativo, os gestores de recursos começam a modificar suas estratégias
de aplicação. Buscam novos produtos e procuram antecipar a valorização nos preços dos ativos.
A melhora nas expectativas
poderá desencadear uma diversificação dos investimentos para
os setores de energia limpa, turismo, varejo, tecnologia da informação, biotecnologia, logística do agronegócio e imóveis. Poderá, ainda, fomentar as aplicações de capital de risco, fortalecendo os projetos de investimento em participação acionária e
em empresas inovadoras. Esse
novo ciclo de aplicações em capital de risco deverá contar com a
participação dos investidores
institucionais estrangeiros.
Antecipando-se a esse movimento, a Comissão de Valores
Mobiliários (CVM) publicou em
março a Instrução 450, que amenizou as restrições para os fundos de investimento aplicarem
em papéis privados.
A despeito de ampliar o universo de aplicações, a CVM está
exigindo dos administradores e
gestores de recursos maior responsabilidade em relação aos
riscos implícitos nos investimentos financeiros. Dessa forma, está procurando dosar as flexibilizações das aplicações de
maior risco com mais transparência, a fim de conter os excessos característicos de momentos
de euforia, tais como má avaliação de crédito, concentração de
ativos e superalavancagem.
Os fundos de pensão, com patrimônio de R$ 352,2 bilhões em
dezembro de 2006, o equivalente a 16,4% do PIB, também devem diversificar suas aplicações
para garantir os desembolsos das
aposentadorias. Parte desses recursos poderá ser utilizada para
fomentar investimentos na cadeia produtiva e novos produtos
financeiros, tais como os Certificados de Recebíveis Imobiliários
e os Fundos de Investimentos
em Direitos Creditórios.
De acordo com a Abrapp (Associação Brasileira das Entidades de Previdência Complementar), em dezembro de 2006
61,6% dos recursos dos fundos
estavam aplicados em renda fixa
(títulos públicos, debêntures e
depósitos a prazo); 32,8% em
renda variável (ações e fundos de
ações); e 4% em imóveis e financiamentos imobiliários.
Como ocorreu no ciclo de crescimento após o Plano Real, os
gestores de recursos devem reprogramar suas aplicações, reduzindo a alocação em títulos
públicos, com baixo risco e elevado rendimento. No fim de 1997,
36,4% dos recursos estavam
aplicados em renda fixa; a maior
parte, 39,2%, em renda variável;
e 14,9% no setor imobiliário.
Enfim, o cenário benigno estimula a gestação de novos produtos financeiros e a estruturação
de complexas operações de financiamento. Isso poderá resultar em um aperfeiçoamento dos
processos de seleção, avaliação e
implementação dos investimentos privados na esfera produtiva
e dos investimentos públicos e
privados na infra-estrutura.
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