São Paulo, segunda-feira, 30 de abril de 2007

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Novas estratégias

Cenário econômico favorável estimula novos produtos financeiros e a diversificação das carteiras de aplicações

DIANTE da redução da taxa de juros básica, da queda no risco-país e da expectativa crescente de os títulos de dívida brasileira alcançarem classificação de investimento não-especulativo, os gestores de recursos começam a modificar suas estratégias de aplicação. Buscam novos produtos e procuram antecipar a valorização nos preços dos ativos.
A melhora nas expectativas poderá desencadear uma diversificação dos investimentos para os setores de energia limpa, turismo, varejo, tecnologia da informação, biotecnologia, logística do agronegócio e imóveis. Poderá, ainda, fomentar as aplicações de capital de risco, fortalecendo os projetos de investimento em participação acionária e em empresas inovadoras. Esse novo ciclo de aplicações em capital de risco deverá contar com a participação dos investidores institucionais estrangeiros.
Antecipando-se a esse movimento, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) publicou em março a Instrução 450, que amenizou as restrições para os fundos de investimento aplicarem em papéis privados.
A despeito de ampliar o universo de aplicações, a CVM está exigindo dos administradores e gestores de recursos maior responsabilidade em relação aos riscos implícitos nos investimentos financeiros. Dessa forma, está procurando dosar as flexibilizações das aplicações de maior risco com mais transparência, a fim de conter os excessos característicos de momentos de euforia, tais como má avaliação de crédito, concentração de ativos e superalavancagem.
Os fundos de pensão, com patrimônio de R$ 352,2 bilhões em dezembro de 2006, o equivalente a 16,4% do PIB, também devem diversificar suas aplicações para garantir os desembolsos das aposentadorias. Parte desses recursos poderá ser utilizada para fomentar investimentos na cadeia produtiva e novos produtos financeiros, tais como os Certificados de Recebíveis Imobiliários e os Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios.
De acordo com a Abrapp (Associação Brasileira das Entidades de Previdência Complementar), em dezembro de 2006 61,6% dos recursos dos fundos estavam aplicados em renda fixa (títulos públicos, debêntures e depósitos a prazo); 32,8% em renda variável (ações e fundos de ações); e 4% em imóveis e financiamentos imobiliários.
Como ocorreu no ciclo de crescimento após o Plano Real, os gestores de recursos devem reprogramar suas aplicações, reduzindo a alocação em títulos públicos, com baixo risco e elevado rendimento. No fim de 1997, 36,4% dos recursos estavam aplicados em renda fixa; a maior parte, 39,2%, em renda variável; e 14,9% no setor imobiliário.
Enfim, o cenário benigno estimula a gestação de novos produtos financeiros e a estruturação de complexas operações de financiamento. Isso poderá resultar em um aperfeiçoamento dos processos de seleção, avaliação e implementação dos investimentos privados na esfera produtiva e dos investimentos públicos e privados na infra-estrutura.


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