|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Saúde privada
P
ESQUISA conduzida pelo médico Gilson Carvalho com
base em dados do Ministério da Saúde e do IBGE concluiu
que a maioria dos recursos aplicados em saúde no país já vem do
setor privado. Hoje, o Sistema
Único de Saúde (SUS) responde
por 49% dos gastos, contra 51%
de planos e particulares. Há 12
anos, essas cifras eram de 61,6%
e 38,4%, respectivamente.
Com mais renda, é natural que
as pessoas invistam na própria
saúde. Mas esses dados revelam,
igualmente, algum sucateamento do sistema público. O aumento de 27% nos usuários de planos
de saúde, que saltaram de 30,7
milhões para 39 milhões de 2000
a 2006, não é só função da melhoria da situação econômica,
mas também do descontentamento com a rede estatal.
Seria injusto com sucessivas
administrações afirmar que não
houve avanços. Em 1995, o governo aplicava US$ 293 por brasileiro no SUS. Uma década depois, esse valor praticamente dobrou, atingindo US$ 590.
Isso, porém, ainda é insuficiente. Países como a Argentina
e o Uruguai gastam mais e com
maior participação dos cofres
públicos. Em 2001, por exemplo,
o investimento per capita no
Brasil correspondeu a um terço
do verificado na Argentina.
Para agravar o quadro, a inflação na área médica, por embutir
os custos da incorporação de novas tecnologias, costuma correr
acima dos índices de preços ao
consumidor. A inflação acumulada de 2002 a 2004 foi de 32%,
contra 44% na área médica.
Com o fenômeno do envelhecimento da população, a pressão
sobre o SUS e os planos de saúde
deverá crescer acentuadamente.
A menos que o país comece desde já a preparar-se, poderá haver
um apagão sanitário.
Sem condições fiscais de aumentar depressa o gasto público
na saúde, o caminho do Estado
brasileiro é melhorar a gestão
dos recursos existentes, pois há
muita margem para isso, e insistir nos cuidados preventivos. Em
relação ao setor privado, é necessário aperfeiçoar a regulação.
Muitos dos produtos oferecidos
à população fornecem serviços
tão ruins como -e às vezes piores que- os da rede pública.
Texto Anterior: Editoriais: Rápida deterioração Próximo Texto: São Paulo - Clóvis Rossi: De palavrões à derrota Índice
|