São Paulo, domingo, 30 de maio de 2004

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PAINEL DO LEITOR

PIB
"Enquanto um importante jornal do Rio de Janeiro e a maior parte da imprensa brasileira trataram o inexpressivo crescimento do PIB brasileiro (2,7%) com excessiva euforia, a Folha acertou em cheio no título de sua manchete de 28/5: "Economia cresce 1,6% no 1º trimestre". A Folha tratou a notícia com a frieza, o cuidado e o equilíbrio que o fato merece. Até porque estamos em período eleitoral, e enfoques excessivamente otimistas em torno de índices isolados no contexto de uma economia historicamente instável podem não representar uma verdade consolidada e comprometer a isenção jornalística, influenciando a decisão nas urnas nesta primeira prova de fogo para o governo do PT. Além do mais, não há muito o que comemorar, pois o crescimento do PIB brasileiro ficou na lanterna entre as economias emergentes, perdendo para o Chile (4,5%), para o México (4,6%), para a Argentina (10%) e para a Venezuela (29%)."
Carlos Vasconcellos (Rio de Janeiro, RJ)

 

"A divulgação do crescimento do PIB no primeiro trimestre de 2004 tem provocado reações eufóricas, mas é bom observar a setorialização desse crescimento: as exportações cresceram 19%, e o agronegócio, 6%. São setores tradicionalmente fracos na geração de empregos e na distribuição de renda. A geração de empregos passa pelo crescimento da construção civil -ainda negativa- e do setor de serviços. Para que isso ocorra, nada como um choque negativo na taxa de juros."
Rodrigo França (Belo Horizonte, MG)

Semântica
"Como a vida é interessante. O PSDB lança um candidato à Prefeitura de São Paulo que diz que vai dar prioridade à saúde e à habitação. Por outro lado, o governador do Estado, que é do mesmo partido, dizia, durante a campanha, que iria valorizar o policial. Sou mulher de policial e tenho orgulho disso e da Polícia Civil. Após dez anos de governo, as perdas salariais dos policiais chegam a mais de 60% em termos reais, a contribuição previdenciária subiu mais de 80% no período e o auxílio-alimentação atinge a cifra mensal de R$ 15. O policial paga por serviço público de saúde. As diárias de alimentação (que custeiam policiais que trabalham em operações no litoral) são pagas com um atraso médio de três anos. Os policiais estão despreparados, desorientados, empobrecidos, endividados. Uns fazem bicos -em que são mortos-, perfazendo jornadas de cem horas semanais. Outros estão sem família, passado ou futuro e chegam a se suicidar. Alguns tornam-se violentos, outros, usuários de remédios "tarja preta". E o governador diz que estão motivados. Meu professor de língua portuguesa dizia que tudo é uma questão de semântica, ou seja, uma palavra que para mim tem um sentido para você pode ter outro, entendeu? Por isso, prestem bastante atenção, senhores funcionários públicos da cidade de São Paulo, quando algum candidato falar em valorizar alguém ou em priorizar algum setor. O sentido pode ser outro, e você não entendeu direito."
Sandra Regina da Palma Soares (Cruzeiro, SP)

Terror
"Parabéns à Folha pelo editorial "O terror sobrevive" (Opinião, 27/5). Os EUA estão se afogando em uma poça criada por eles mesmos. Realmente, o feitiço virou-se contra o feiticeiro."
André Luiz Ferreira Cunha (Amparo, SP)

Inativos
"Foi deselegante e pouco ética a visita do ministro da Previdência Social ao presidente do Supremo Tribunal Federal -para alertá-lo sobre as contas da Previdência- no momento em que está em julgamento a emenda que trata da contribuição previdenciária dos aposentados. Que o Executivo pressione o Legislativo para aprovar normas manifestamente inconstitucionais, dá para entender. Pressionar o Judiciário para declará-las constitucionais é outra história. Acredito que os senhores ministros do STF tenham se sentido constrangidos com essa visita. E a sociedade espera que dela não remanesçam seqüelas a serem contabilizadas em futuro próximo."
Jayme de Almeida Rocha Netto (Campinas, SP)

Doutores
"Os senhores Fernando Reinach e José Fernando Perez ("Doutores para quê?", "Tendências/Debates", 28/5) estão certos ao afirmar que os doutores devem estar nas empresas, e não nas universidades. Creio que, ressalvado o quórum mínimo que garanta qualidade aos programas de graduação, de pós-graduação e de pesquisa nessas instituições, os doutores realmente devem estar no mercado profissional, onde podem ajudar as empresas com inovações para que estas gerem lucros e para que o país gere crescimento econômico, social e político. O problema, porém, é a visão dos empresários, que ainda consideram pesquisa um trabalho muito acadêmico e sonhador, sem aplicações práticas ou resultados imediatos."
Nestor Nogueira de Albuquerque, mestrando em gestão e desenvolvimento regional na Universidade de Taubaté (Taubaté, SP)

Iraque aqui
"Quero expressar minha total concordância com o esplêndido artigo do senhor Sérgio Malbergier ("Abu Ghraib é aqui", Opinião, pág. A2, 27/5), principalmente com o parágrafo final, no qual há a recomendação para que o assessor especial do presidente da República visite a delegacia mais próxima. Parabéns ao sr. Malbergier pela lucidez e imparcialidade."
Helena Müller (São Paulo, SP)

Patrimônio
"É inadmissível que a prefeita de São Paulo coloque à venda imóveis bem localizados e valiosos, que pertencem ao patrimônio público, para poder fechar suas contas dentro do limite fixado pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Apesar de todas as taxas criadas nesta administração, o déficit da prefeitura mais que dobrou em 2003 em relação a 2002. Isso é reflexo da má administração e da falta de competência. Quando a prefeita disse que iria iniciar obras, alegou ter em caixa dinheiro suficiente para tal. Mas vemos agora que era mais uma mentira. O cidadão paulistano não pode continuar impassível. É necessária, além da conscientização, uma mobilização contra a malversação do nosso dinheiro."
Eliana Gervai (São Paulo, SP)

Receitas
"O governo diz não poder reajustar a tabela do IR porque isso geraria perda de receita, mas não faz nada para impedir que seja aprovado o projeto de lei que praticamente derruba a determinação do TSE para que seja reduzido o número de vereadores. Isso representaria economia direta de mais de R$ 500 milhões por ano. O governo deveria apresentar projeto de lei instituindo que, em cidades com até 100 mil habitantes, o cargo de vereador não receba remuneração, como acontece em diversos países."
Fernão de Souza Vale (Rio de Janeiro, RJ)

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