São Paulo, sexta-feira, 30 de junho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Hamas dividido

A RENOVADA espiral de violência entre israelenses e palestinos não surpreende. Desde que o grupo terrorista Hamas venceu as eleições de janeiro e assumiu o governo da Autoridade Nacional Palestina, as relações entre as duas partes não cessam de deteriorar-se.
Desta feita, o evento que deflagrou a ofensiva militar israelense em Gaza foi o seqüestro de um cabo do Exército de Israel por terroristas palestinos. Como resposta, o governo do premiê Ehud Olmert adotou a estratégia de asfixiar militarmente, a fim de coagir os palestinos a libertar o cabo.
A diplomacia ocidental e dos países árabes interveio para conseguir a libertação do refém e evitar mais violência. Apesar de a situação não ser propícia à retomada das negociações de paz, a própria polêmica suscitada pela incursão palestina em território israelense para capturar o militar é indicativa de que a pressão de Israel e do Ocidente sobre o Hamas, se não logrou forçá-lo a abandonar posições extremistas, ao menos conseguiu dividi-lo.
Diferentes facções do Hamas travaram uma guerra aberta acerca do seqüestro. Lideranças moderadas da Cisjordânia e de Gaza conclamaram pela libertação, enquanto núcleos mais radicais, em especial os que se encontram no exílio, defenderam a atitude dos raptores.
A emboscada palestina ocorreu no momento em que o Hamas negociava com o presidente da ANP, Mahmoud Abbas, sua adesão ao "documento dos prisioneiros", pelo qual, numa interpretação benigna, o grupo reconheceria indiretamente o direito de Israel de existir. É menos do que o Estado judeu exige e muito pouco para levar à retomada do processo de paz, mas é sinal de que algo está ocorrendo.


Texto Anterior: Editoriais: De novo?
Próximo Texto: Bielefeld - Clóvis Rossi: Manual Lula de pobreza
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.