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Hamas dividido
A RENOVADA espiral de violência entre israelenses e
palestinos não surpreende. Desde que o grupo terrorista
Hamas venceu as eleições de janeiro e assumiu o governo da Autoridade Nacional Palestina, as
relações entre as duas partes não
cessam de deteriorar-se.
Desta feita, o evento que deflagrou a ofensiva militar israelense
em Gaza foi o seqüestro de um
cabo do Exército de Israel por
terroristas palestinos. Como resposta, o governo do premiê Ehud
Olmert adotou a estratégia de asfixiar militarmente, a fim de coagir os palestinos a libertar o cabo.
A diplomacia ocidental e dos
países árabes interveio para conseguir a libertação do refém e
evitar mais violência. Apesar de a
situação não ser propícia à retomada das negociações de paz, a
própria polêmica suscitada pela
incursão palestina em território
israelense para capturar o militar é indicativa de que a pressão
de Israel e do Ocidente sobre o
Hamas, se não logrou forçá-lo a
abandonar posições extremistas,
ao menos conseguiu dividi-lo.
Diferentes facções do Hamas
travaram uma guerra aberta
acerca do seqüestro. Lideranças
moderadas da Cisjordânia e de
Gaza conclamaram pela libertação, enquanto núcleos mais radicais, em especial os que se encontram no exílio, defenderam a
atitude dos raptores.
A emboscada palestina ocorreu no momento em que o Hamas negociava com o presidente
da ANP, Mahmoud Abbas, sua
adesão ao "documento dos prisioneiros", pelo qual, numa interpretação benigna, o grupo reconheceria indiretamente o direito de Israel de existir. É menos do que o Estado judeu exige e
muito pouco para levar à retomada do processo de paz, mas é
sinal de que algo está ocorrendo.
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