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ELIANE CANTANHÊDE
O que ainda se salva
BRASÍLIA - Nestes tempos de
mensaleiros, sanguessugas, impunidade e um profundo desânimo
em relação à política, é difícil achar
frestas de otimismo para dividir
com o leitor. Mas elas existem.
Enquanto o Congresso livra a cara dos seus e os partidos dão legenda para que notórios culpados voltem a ter mandato, a PF corta na
própria carne com uma operação
de nome sugestivo: cerol.
Além de dois ex-superintendentes da PF que caíram nessa operação, 63 outros policiais estão entre
as 3.020 pessoas presas desde o início do governo Lula em operações
como Anaconda, Vampiro, Narciso,
Cavalo de Tróia e Farol da Neblina.
Caíram juízes, hackers, doleiros e
até os donos da Daslu, com todo o
seu poder e sua simbologia num
país que venera vestidos milionários e despreza crianças molambentas pelas ruas.
Antes que se diga que o governo
Lula é "o que mais combateu a corrupção no país", um registro: algumas das mais importantes operações da PF no atual governo foram
resultado de longas investigações
que já vinham desde o anterior. O
melhor exemplo é a Anaconda, que
pegou os juízes Mazloum de jeito. E
vale lembrar que foi no governo
FHC que a PF apreendeu uma pilha
de dinheiro na Lunus, dos Sarney, e
prendeu um ex-presidente do Senado, Jader Barbalho.
Foram anos de aperfeiçoamento
até chegar a um bom momento,
menos partidário e mais profissional, com o delegado Paulo Lacerda à
frente. E foi a PF que, a partir de
uma fiscalização da CGU (Controladoria Geral da União), detonou a
Operação Sanguessuga, explodindo
prefeitos e parlamentares que desviavam dinheiro de ambulâncias.
Ou seja: da saúde.
E vem mais por aí. O Congresso
ignorou a opinião pública e optou
pela impunidade, mas ano eleitoral
é um prato cheio para a PF.
@ - elianec@uol.com.br
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