São Paulo, domingo, 30 de julho de 2006

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ELIANE CANTANHÊDE

O que ainda se salva

BRASÍLIA - Nestes tempos de mensaleiros, sanguessugas, impunidade e um profundo desânimo em relação à política, é difícil achar frestas de otimismo para dividir com o leitor. Mas elas existem.
Enquanto o Congresso livra a cara dos seus e os partidos dão legenda para que notórios culpados voltem a ter mandato, a PF corta na própria carne com uma operação de nome sugestivo: cerol.
Além de dois ex-superintendentes da PF que caíram nessa operação, 63 outros policiais estão entre as 3.020 pessoas presas desde o início do governo Lula em operações como Anaconda, Vampiro, Narciso, Cavalo de Tróia e Farol da Neblina. Caíram juízes, hackers, doleiros e até os donos da Daslu, com todo o seu poder e sua simbologia num país que venera vestidos milionários e despreza crianças molambentas pelas ruas.
Antes que se diga que o governo Lula é "o que mais combateu a corrupção no país", um registro: algumas das mais importantes operações da PF no atual governo foram resultado de longas investigações que já vinham desde o anterior. O melhor exemplo é a Anaconda, que pegou os juízes Mazloum de jeito. E vale lembrar que foi no governo FHC que a PF apreendeu uma pilha de dinheiro na Lunus, dos Sarney, e prendeu um ex-presidente do Senado, Jader Barbalho.
Foram anos de aperfeiçoamento até chegar a um bom momento, menos partidário e mais profissional, com o delegado Paulo Lacerda à frente. E foi a PF que, a partir de uma fiscalização da CGU (Controladoria Geral da União), detonou a Operação Sanguessuga, explodindo prefeitos e parlamentares que desviavam dinheiro de ambulâncias. Ou seja: da saúde.
E vem mais por aí. O Congresso ignorou a opinião pública e optou pela impunidade, mas ano eleitoral é um prato cheio para a PF.


@ - elianec@uol.com.br


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