|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES
Burocracia travando novos empregos
VÁRIOS ESTUDOS têm mostrado que os programas públicos de transferência de
renda, como o Bolsa-Família, estão
conseguindo reduzir a pobreza.
No curto prazo, não há como
substituí-los. Mas até que ponto as
finanças públicas agüentarão? Há
ainda sérias dúvidas de que seus
beneficiários venham a contribuir
para elevar a produtividade do
país. Melhor seria, é claro, reduzir a
pobreza por meio de trabalhos produtivos. Mas isso depende de educação e de empregos.
No que tange à educação, á auspicioso saber que 68% dos eleitores
definem a educação como a máxima prioridade para o próximo governo. A população sabe que, na sociedade do conhecimento, a capacitação profissional é crucial para
trabalhar e progredir na vida.
A mesma pesquisa atribuiu um
peso de apenas 19% aos programas
públicos de transferência de renda,
mostrando que o povo prefere caminhar com suas próprias pernas,
exercendo uma profissão, e dela
gerando a renda que é necessária
para a manutenção da família brasileira ("Eleitor quer mais educação para reduzir a pobreza", "Valor", 27/7/2006).
O Brasil conseguiu matricular
todas as crianças na escola -o que
é positivo. Para competir e ter êxito
no mercado do trabalho, porém, é
preciso que essas crianças prossigam até o final dos cursos. Esse
continua sendo um problema sério. A maioria das crianças não chega à oitava série. E as que chegam
têm sérias falhas de formação.
No que tange ao emprego, esse
depende dos investimentos que,
como se sabe, têm sido anêmicos.
Para estimulá-los, é imprescindível criar-se um bom ambiente para
os negócios em geral, além de sanear as finanças públicas de modo
a impulsionar os investimentos governamentais em infra-estrutura,
educação, saúde e outras áreas.
No mesmo jornal, encontrei uma
outra pesquisa (Banco Mundial),
segundo a qual o Brasil está no 119º
lugar, entre 155 países pesquisados, em termos de ambiente para
os negócios. O custo da burocracia
e a quantidade de tempo perdido
continuam colossais. Isso atravanca os investimentos e, conseqüentemente, trava a geração de empregos.
Os pesquisadores estimam que,
se tais bloqueios fossem removidos, o PIB do Brasil poderia crescer
2,2% a mais anualmente e a taxa de
desemprego seria reduzida em
3,7% a cada ano ("Brasil é um dos
países que mais dificultam os negócios", "Valor", 27/7/2006).
Por isso, não basta querer crescer. Aliás, todos querem crescer,
mas poucos querem mudar. Essa
equação não fecha. São objetivos
incompatíveis. Se as reformas estruturais continuarem sendo empurradas com a barriga, ficaremos
no assistencialismo o resto da vida.
antonio.ermirio antonioermirio.com.br
ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES escreve aos
domingos nesta coluna.
Texto Anterior: Rio de Janeiro - Plínio Fraga: Não fuja, Lula Próximo Texto: Frases
Índice
|