|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Editoriais
editoriais@uol.com.br
Nas asas da CBF
É no mínimo confusa, se não
suspeita, a oferta que a TAM fez ao
presidente da CBF, Ricardo Teixeira, dois meses antes de tornar-se
patrocinadora oficial da seleção
brasileira, em 2007.
Como revelou esta Folha, a
companhia ofereceu vender a Teixeira um jato novo por US$ 12,5
milhões. Aceitaria, como parte do
pagamento, um Cessna usado no
valor de US$ 7,9 milhões, que, no
entanto, pertencia à empresa.
O negócio não se concretizou, e
os rumos do Cessna depois disso
tornam a história ainda mais estranha. A aeronave foi vendida para uma companhia de amigos do
presidente da CBF. Depois, foi repassada a outra empresa de um
deles, por valor muito superior
(R$ 17,8 milhões).
O avião foi repassado a outra
empresa, tempos depois, por R$
7,2 milhões. Um dos sócios dessa
companhia era o então presidente
da TAM Táxi Aéreo. Por coincidência, a mesma pessoa que assinou a
oferta de troca de avião apresentada a Teixeira no início de 2007.
Por fim, nesta semana, a Folha
mostrou que a aeronave, produzida nos EUA, entrou no Brasil registrada pelo valor de US$ 1.
A TAM permanece como patrocinadora da seleção brasileira. Em
2009, o negócio rendeu R$ 7,2 milhões à CBF. No ano passado, a receita da entidade foi de R$ 6,4 milhões, segundo o seu balanço.
Não se trata de levantar suspeitas precipitadas, mas o fato é que
as respostas dos envolvidos, até o
momento, não contribuíram para
dissipar os pontos obscuros. A
companhia confirmou a oferta a
Teixeira, que, por seu lado, negou.
Ambos, empresa aérea e presidente da CBF, concordam ao menos em afirmar que a proposta não
teria influenciado o contrato de
patrocínio firmado logo depois.
O mal da cartolagem não é restrito ao Brasil. A Fifa, entidade
máxima do futebol, passa por
uma de suas maiores crises, envolvida em suspeitas de corrupção -as escolhas das sedes das
Copas de 2018 (Rússia) e 2022 (Qatar) teriam sido compradas.
Como todo brasileiro sabe, a
próxima Copa, em 2014, será no
Brasil. À frente da CBF desde 1989,
Teixeira será um dos principais
executivos do evento, de investimentos e patrocínios milionários.
É fundamental que todos os detalhes dessa história sejam esclarecidos, até para que a atenção sobre a Copa brasileira se volte para
o local onde é mais importante: o
gramado dos campos de futebol.
Texto Anterior: Editoriais: Tensão cambial Próximo Texto: São Paulo - Fernando de Barros e Silva: Dilma na guerrilha Índice | Comunicar Erros
|