São Paulo, sábado, 30 de julho de 2011

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Nas asas da CBF

É no mínimo confusa, se não suspeita, a oferta que a TAM fez ao presidente da CBF, Ricardo Teixeira, dois meses antes de tornar-se patrocinadora oficial da seleção brasileira, em 2007.
Como revelou esta Folha, a companhia ofereceu vender a Teixeira um jato novo por US$ 12,5 milhões. Aceitaria, como parte do pagamento, um Cessna usado no valor de US$ 7,9 milhões, que, no entanto, pertencia à empresa.
O negócio não se concretizou, e os rumos do Cessna depois disso tornam a história ainda mais estranha. A aeronave foi vendida para uma companhia de amigos do presidente da CBF. Depois, foi repassada a outra empresa de um deles, por valor muito superior (R$ 17,8 milhões).
O avião foi repassado a outra empresa, tempos depois, por R$ 7,2 milhões. Um dos sócios dessa companhia era o então presidente da TAM Táxi Aéreo. Por coincidência, a mesma pessoa que assinou a oferta de troca de avião apresentada a Teixeira no início de 2007.
Por fim, nesta semana, a Folha mostrou que a aeronave, produzida nos EUA, entrou no Brasil registrada pelo valor de US$ 1.
A TAM permanece como patrocinadora da seleção brasileira. Em 2009, o negócio rendeu R$ 7,2 milhões à CBF. No ano passado, a receita da entidade foi de R$ 6,4 milhões, segundo o seu balanço.
Não se trata de levantar suspeitas precipitadas, mas o fato é que as respostas dos envolvidos, até o momento, não contribuíram para dissipar os pontos obscuros. A companhia confirmou a oferta a Teixeira, que, por seu lado, negou.
Ambos, empresa aérea e presidente da CBF, concordam ao menos em afirmar que a proposta não teria influenciado o contrato de patrocínio firmado logo depois.
O mal da cartolagem não é restrito ao Brasil. A Fifa, entidade máxima do futebol, passa por uma de suas maiores crises, envolvida em suspeitas de corrupção -as escolhas das sedes das Copas de 2018 (Rússia) e 2022 (Qatar) teriam sido compradas.
Como todo brasileiro sabe, a próxima Copa, em 2014, será no Brasil. À frente da CBF desde 1989, Teixeira será um dos principais executivos do evento, de investimentos e patrocínios milionários.
É fundamental que todos os detalhes dessa história sejam esclarecidos, até para que a atenção sobre a Copa brasileira se volte para o local onde é mais importante: o gramado dos campos de futebol.


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