São Paulo, quinta, 30 de julho de 1998

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AS TELES DEPOIS DO LEILÃO

O leilão de privatização das telecomunicações foi um sucesso que surpreendeu até mesmo os mais otimistas. Foi vencida a batalha jurídica, foi superado o temor de que os preços fossem baixos, foi confirmado o enorme interesse do capital estrangeiro no aumento de sua presença na economia brasileira.
Para a sociedade, a expectativa agora se volta para a melhoria na qualidade e o aumento na quantidade da oferta de serviços. As punições previstas para as empresas concessionárias que não cumprirem as metas de universalização de serviços, por exemplo, chegam a R$ 50 milhões e incluem ainda a intervenção e a perda da concessão. O desafio maior será passar dos atuais 17,5 milhões de telefones fixos para 33 milhões em pouco mais de três anos.
Há alguns indícios de que esse início surpreendente da privatização contribuirá para a execução dessas metas. Não prosperaram as tentativas de bloquear a venda no Judiciário, o que levou o ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros, a declarar até que esse Poder amadureceu desde a memorável guerra de liminares por ocasião da privatização da Cia. Vale do Rio Doce. O elogio é bastante revelador das ansiedades e temores oficiais, que, felizmente, foram afinal desmentidos pelos fatos.
Os valores obtidos na venda das teles foram outro motivo de surpresa. O sistema foi vendido por R$ 22,058 bilhões, um ágio de 63,74% em relação ao preço mínimo.
A presença do capital estrangeiro também é impressionante. Garante, pela diversidade das empresas e da origem do capital, um alívio nas contas externas. O BNDES financia a privatização, mas há também dinheiro novo, de fontes diferenciadas.
A perspectiva de uma competição continuada no setor, aliás, é uma demonstração de acerto do modelo de fragmentação do Sistema Telebrás.
O resultado mais importante, entretanto, talvez seja a confirmação do Brasil no mapa das decisões de investimento das mais importantes corporações globais da atualidade.



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