São Paulo, sexta-feira, 30 de agosto de 2002

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TENDÊNCIAS/DEBATES

Entendimento mútuo

DONNA HRINAK

Fiquei fascinada ao acompanhar a cobertura na imprensa de um comentário que fiz na semana passada, a um pequeno grupo de correspondentes estrangeiros, sobre a necessidade de meu país compreender melhor o Brasil. Aparentemente, o fato de uma diplomata afirmar o óbvio vira manchete de jornal!
Brincadeiras à parte, gostaria de aprofundar um pouco esse assunto, por acreditar que o entendimento mútuo é muito importante para construir relações melhores entre nossos países.
O leitor da Folha sabe que os cidadãos dos Estados Unidos geralmente sabem muito menos sobre o Brasil do que os brasileiros sobre meu país. Estive recentemente nos Estados Unidos, fazendo apresentações em várias cidades sobre oportunidades de comércio no Brasil. Comecei comparando um mapa do Brasil com o dos Estados Unidos e mostrando alguns dados estatísticos.
Apesar de o público a que me dirigi ser composto de pessoas bem informadas e interessadas no Brasil, muitas delas nunca tinham realmente se dado conta de que o Brasil é maior do que os Estados Unidos em extensão continental, além de ser a décima maior economia do mundo.
Os empresários ficaram surpresos? Sim. Ficaram impressionados? Sim. Despertei neles interesse em saber mais sobre o Brasil? Espero que sim.
Como disse à impressa na semana passada, é parte do meu trabalho promover um entendimento melhor do Brasil nos Estados Unidos.


Os cidadãos dos Estados Unidos geralmente sabem muito menos sobre o Brasil do que os brasileiros sobre meu país


Também faz parte do meu trabalho promover um entendimento melhor dos Estados Unidos aqui no Brasil. A compreensão mútua é uma via de mão dupla, e acredito que o Brasil também pode se beneficiar aprendendo mais sobre meu país.
Tenho notícias estimulantes para dar, e gostaria de compartilhar algumas das iniciativas que nossa missão diplomática está desenvolvendo: para promover um diálogo melhor de governo com governo, patrocinamos um fluxo contínuo de visitantes de Washington nas últimas semanas -o subsecretário de Estado, Otto Reich, o secretário do Tesouro, Paul O'Neill, o diretor de Planejamento de Políticas do Departamento de Estado, Richard Haass, além de delegações do Congresso.
No âmbito das relações pessoais, temos facilitado continuamente centenas de contatos entre cientistas, acadêmicos, empresários, líderes políticos, ONGs e artistas. Talvez o mais importante, estamos investindo no futuro, ajudando jovens, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, a aprender mais sobre o outro país nas escolas e universidades e a participar de intercâmbios acadêmicos.
Brasil e Estados Unidos estão avançando juntos e rapidamente em um novo século globalizado. Dentro de poucos meses, ambos assumirão a co-presidência do processo de negociação da Alca, que unirá mais ainda nossos países por meio do comércio.
Mas isso é apenas um aspecto da nossa interação. Na medida em que o mundo se torna menor, a qualidade de vida das pessoas nos Estados Unidos e no Brasil depende cada vez mais uma da outra. Nossos empregos, a saúde, o meio ambiente e o progresso social dependerão da decisão de trabalharmos juntos ou de tomarmos rumos diferentes. Obviamente, torço para que trabalhemos juntos e convido os brasileiros a se unirem a mim, para que aprendamos mais uns sobre os outros.


Donna Hrinak, 51, é embaixadora dos Estados Unidos no Brasil.



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