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BASTA DE ESPETÁCULO
Salta aos olhos o contraste entre a profusão de depoimentos e
quebras de sigilo requeridos pelas
três CPIs em curso e os resultados
obtidos por cada uma delas. Quando
contabilizadas essas medidas, o disparate entre eficiência e pirotecnia fica ainda mais flagrante.
Segundo levantamento realizado
por esta Folha, até sexta-feira as comissões dos Correios, do Mensalão e
dos Bingos haviam aprovado mais
de 220 convocações para depoimentos de testemunhas e acusados de
envolvimento em corrupção -sem
falar nas centenas de documentos
coletados que ainda permanecem à
espera de melhor análise.
Esses números, como tem sido
possível constatar, até agora não se
traduziram em produtividade. Pelo
contrário, a profusão de depoimentos e papéis parece atrapalhar as investigações. Mesmo que não convocassem mais nenhum depoente, as
três CPIs, segundo se estima, não encerrariam seus trabalhos antes de
abril do ano que vem.
Essa situação expressa bem o fato
de que o interesse em solucionar os
escândalos tem cedido espaço à sede
de publicidade gratuita dos parlamentares. Quem já teve a oportunidade de acompanhar algum depoimento pela televisão ou pelo rádio
sabe bem que, não raro, intervenções
que deveriam ter um cunho apenas
investigativo se alongam para dar lugar à mera promoção política.
Lamentavelmente, fatos como esses confirmam os prognósticos segundo os quais seria improdutivo
formar três comissões parlamentares para investigar as denúncias de
corrupção. Em vez de racionalizar as
investigações, dividindo tarefas e explorando os diversos flancos dos escândalos, as CPIs na verdade multiplicaram os palanques e, com eles,
as deploráveis demonstrações de
histrionismo, grosseria e hipocrisia
de seus integrantes.
Diante da gravidade da crise e da
necessidade de o país avançar, as comissões precisam abandonar os holofotes e começar a apresentar provas e conclusões. Basta de espetáculo. Que apareçam os resultados.
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