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EMÍLIO ODEBRECHT
Empresas globais
UM DOS SINAIS da vitalidade
econômica de um país é a
existência de grandes transnacionais entre suas principais
companhias.
Ao contrário do que pensam alguns poucos, que ainda enxergam
tal classificação sob uma ótica distorcida, transnacionais são referências entre as empresas, por
agregar valor às economias que as
recebem e por contribuir para valorizar a imagem de seus países de
origem.
Uma empresa, quando se internacionaliza, mediante a criação de
plataformas de produção ou prestação de serviços (e não apenas de
escritórios comerciais) em outros
países, transfere às nações onde se
instala capital produtivo e tecnologia, mas cria para si própria desafios de crescimento e oportunidades de renovação que o lugar onde
nasceu já não ofereça.
Ao fazê-lo, a empresa sempre adquire novas capacidades, porque se
expõe a ambientes diferentes e, em
alguns casos, mais complexos do
que aquele ao qual estava acostumada.
Isto é especialmente verdadeiro
se tal empresa, vinda de um país
ainda em desenvolvimento, busca
o mercado de uma nação já desenvolvida onde há consumidores exigentes, concorrentes bem estabelecidos e normas e legislação diversas das que conhece. Tudo isto a fará aprender muito.
Este aprendizado impacta positivamente sua operação "nacional"
quanto à formação de pessoas, inovação e qualidade de produtos e
serviços. Acrescente-se a isso que,
ao investir no exterior, a empresa
dilui seus riscos operacionais e
cria, pela presença em diversos
mercados, redes de proteção a crises localizadas.
O governo brasileiro demonstra
concordar com isso ao não inibir
-e, em alguns casos, até estimular
e apoiar a formação de grandes
companhias de capital nacional,
capazes de se expandir pelo planeta, principalmente mediante fusões e ganhos contínuos de produtividade.
Não faz sentido o temor de que
empresas de porte mundial se
transformem em ameaças à livre
concorrência ou em fatores de desequilíbrio do mercado. São inúmeros os exemplos de cooperação
entre grandes e pequenas empresas, que sobrevivem e crescem juntas, como elos saudáveis de cadeias
produtivas.
Somente grandes corporações
serão capazes de espalhar pelo
mundo o nome do Brasil também
como sinônimo de bons produtos e
serviços e um país que almeja desempenhar papel relevante no cenário global precisa de empresas
campeãs globais.
Pensemos sobre isto com nossas
mentes abertas. Nossos empresários e nossos profissionais estão à
altura desse desafio e a grandeza do
Brasil passa pela grandeza das empresas brasileiras.
EMÍLIO ODEBRECHT escreve aos domingos nesta
coluna.
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