São Paulo, segunda-feira, 30 de setembro de 2002 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES A origem da crise é o FMI
JOSÉ MARIA DE ALMEIDA
Seja lá quem for o presidente eleito, ele herdará a economia do país à beira do precipício, fruto dos anos de "estabilidade" monetária de FHC. As "sólidas" propostas de geração de 8 ou 10 milhões de empregos se desmancharão no ar, com a constatação de que o país não crescerá nem 2% ao ano e que o governo não terá dinheiro para investir nas áreas sociais, porque o Orçamento da União estará voltado para honrar os contratos da dívida pública. O conto de fadas do horário eleitoral gratuito se transformará, no primeiro dia do novo governo, num pesadelo bem real. Nesta campanha eleitoral vem se expressando, ainda que de maneira distorcida, a indignação dos trabalhadores e do povo contra o modelo neoliberal e o governo FHC. Os mais de 10 milhões de votos do plebiscito popular contra a Alca, frutos de uma grande campanha que mobilizou dezenas de milhares de ativistas dos movimentos sociais, apontam mais claramente nesse sentido. Por isso José Serra não só não consegue ultrapassar o patamar de 20% das intenções de voto, como é o candidato com maior rejeição: 40% dos entrevistados nas últimas pesquisas não votariam em Serra. Isso porque ele é o candidato de um governo que está sendo repudiado pela maioria da população. Lula, o candidato do maior partido da classe trabalhadora deste país, em vez de corresponder a esse sentimento de repúdio e expectativa de mudanças, tem se preocupado em acalmar o mercado financeiro. Mas não se pode servir a dois senhores: ou se governa para os banqueiros ou para os trabalhadores. Ou se honram os contratos com a dívida externa ou se gera emprego. Ou se mantém o superávit primário ou se investe massivamente nas áreas sociais. Ou se realizam novas privatizações ou se reestatizam as empresas privatizadas. Ou se defende o grande latifúndio ou se faz a reforma agrária. Enfim, ou é a subordinação de joelhos aos Estados Unidos ou o rompimento com o FMI e a Alca. A classe trabalhadora e o povo brasileiro necessitam de uma alternativa de esquerda capaz de levantar um programa que parta do não-pagamento da dívida externa e da ruptura com o FMI e a Alca. Só atacando os lucros dos grandes bancos e corporações transnacionais será possível gerar recursos suficientes para atender às reivindicações e necessidades dos trabalhadores e do povo. Esta alternativa deu seus primeiros passos no grande movimento que garantiu a vitória do plebiscito contra a Alca. Esse movimento pode e deve avançar no sentido da construção de um novo partido que unifique todos aqueles que não desertaram da luta contra o grande capital e seguem reivindicando a independência de classe e uma estratégia socialista. José Maria de Almeida, o Zé Maria, 44, metalúrgico, é candidato do PSTU à Presidência da República. Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Rui Pimenta: Quem bate cartão não vota em patrão Índice |
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