São Paulo, sexta-feira, 30 de setembro de 2011

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TENDÊNCIAS/DEBATES

É preciso recuperar as áreas contaminadas

FRANCO TARABINI JR.


Hoje se monitora com cuidado novos projetos industriais e de depósitos; mas o passado impõe medidas de remediação

Até 2010, a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) cadastrou 3.675 áreas contaminadas no Estado. Dessas, somente 163 haviam sido reabilitadas. São terrenos onde se comprova poluição ou contaminação por substâncias ou resíduos depositados, acumulados, armazenados, enterrados ou infiltrados de forma planejada, acidental ou até mesmo natural.
Os poluentes ou contaminantes podem estar na subsuperfície, no solo, nos sedimentos, nas rochas, nos materiais utilizados para aterrar os terrenos ou mesmo nas águas subterrâneas.
Grande parte dessa contaminação ocorreu pelo fato de que, no passado, não se tinha ideia dos problemas que poderiam derivar dos vazamentos ou mesmo da simples acumulação de resíduos tóxicos ou potencialmente tóxicos nas atividades industriais e comerciais.
Outra parcela, menor, é decorrente da falta de cuidado ambiental depois que se percebeu a dimensão do problema.
Agora, ao transformar terrenos de antigas indústrias e depósitos em áreas residenciais ou comerciais, as incorporadoras se obrigam a descontaminar o local antes de dar início à construção, o que não acontecia no passado. É o caso de muitas cidades, dentre as quais São Paulo, onde essas áreas foram ou estão sendo ocupadas por projetos habitacionais, shoppings e escritórios em função da valorização ou de reclamações dos vizinhos.
Com a tecnologia atual, esses terrenos podem e devem ser descontaminados e existem processos seguros para fazê-lo, evitando que os futuros ocupantes sofram os efeitos da poluição do solo ou do lençol freático. O processo vem se expandindo para permitir novas ocupações e mesmo para recuperar e preservar o local onde uma indústria opera, a fim de que ela possa fazê-lo de modo mais seguro.
A demanda aumenta à medida que a legislação, as entidades ambientais e de saúde e a sociedade passam a exigir a eliminação dos riscos em terrenos contaminados.
O processo começa com a avaliação do passivo ambiental para identificar a qualidade e dimensão do problema e a forma de tratá-lo, que difere conforme a origem dos contaminantes, suas características e quantidade no solo e na água.
Em seguida, passa-se à remediação do solo e da água, que, em boa parte dos casos, pode ser feita no próprio local.
O trabalho envolve um grupo multidisciplinar especializado na avaliação, no planejamento e na operação desse processo. É um campo de atividade variado e amplo, pois, segundo o IBGE e a Confederação Nacional da Indústria, cerca de 200 mil indústrias operam no país, e há muitas outras que deixaram de operar.
Hoje, por força da legislação e das exigências da própria sociedade, é feito um monitoramento cuidadoso em novos projetos industriais e de depósitos para evitar a contaminação do solo e das águas. Mas existe o passado, que impõe medidas urgentes de remediação de áreas contaminadas anteriormente.
Não haverá sustentabilidade em operações que não contemplarem esse tema.

FRANCO TARABINI JR. é sócio-diretor da Enfil S/A Controle Ambiental

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