São Paulo, quarta-feira, 30 de outubro de 2002

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O INÍCIO

Duas atitudes propriamente políticas marcaram a estréia de Luiz Inácio Lula da Silva como presidente eleito. Em seu discurso da segunda-feira, Lula pode ter surpreendido os que dele esperavam apenas palavras para acalmar mercados. Mas foi ao encontro do espírito que o elegeu ao afirmar que o primeiro ano de seu governo será dedicado a uma tarefa social: o combate à fome.
A maioria dos estudiosos concorda que o principal desafio do Brasil na área alimentar já não é a fome, mas a subnutrição. Uma parcela da população (calculada pelo Ipea em 22 milhões de habitantes) não dispõe de renda suficiente para satisfazer suas necessidades calóricas diárias.
O programa Fome Zero, do PT, recebeu críticas de especialistas, e também desta Folha, por não ser cuidadoso ao apontar o seu custo total e as suas fontes de financiamento e também por resvalar na volta de práticas assistencialistas, quando as políticas mais modernas nessa área, inclusive algumas implantadas em administrações petistas, já superaram essa característica.
Aspecto também preocupante dos primeiros passos de Lula foi o seu relacionamento preferencial com uma emissora de televisão. Não bastasse ter oferecido exclusividade a essa TV na noite de sua vitória, voltou a fazê-lo na segunda-feira, quando prometeu, ao vivo, mais informações exclusivas para a mesma empresa.
Trata-se de atitude reprovável a de um futuro chefe de Estado submeter-se dessa forma a uma concessionária de TV, desconsiderando os outros veículos de comunicação. Para quem se elegeu dizendo-se vítima de atitudes discriminatórias e prometeu democratizar os meios de comunicação, não foi um bom começo.


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