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O INÍCIO
Duas atitudes propriamente
políticas marcaram a estréia de
Luiz Inácio Lula da Silva como presidente eleito. Em seu discurso da segunda-feira, Lula pode ter surpreendido os que dele esperavam apenas
palavras para acalmar mercados.
Mas foi ao encontro do espírito que o
elegeu ao afirmar que o primeiro ano
de seu governo será dedicado a uma
tarefa social: o combate à fome.
A maioria dos estudiosos concorda
que o principal desafio do Brasil na
área alimentar já não é a fome, mas a
subnutrição. Uma parcela da população (calculada pelo Ipea em 22 milhões de habitantes) não dispõe de
renda suficiente para satisfazer suas
necessidades calóricas diárias.
O programa Fome Zero, do PT, recebeu críticas de especialistas, e também desta Folha, por não ser cuidadoso ao apontar o seu custo total e as
suas fontes de financiamento e também por resvalar na volta de práticas
assistencialistas, quando as políticas
mais modernas nessa área, inclusive
algumas implantadas em administrações petistas, já superaram essa
característica.
Aspecto também preocupante dos
primeiros passos de Lula foi o seu relacionamento preferencial com uma
emissora de televisão. Não bastasse
ter oferecido exclusividade a essa TV
na noite de sua vitória, voltou a fazê-lo na segunda-feira, quando prometeu, ao vivo, mais informações exclusivas para a mesma empresa.
Trata-se de atitude reprovável a de
um futuro chefe de Estado submeter-se dessa forma a uma concessionária
de TV, desconsiderando os outros
veículos de comunicação. Para quem
se elegeu dizendo-se vítima de atitudes discriminatórias e prometeu democratizar os meios de comunicação, não foi um bom começo.
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