São Paulo, sábado, 30 de novembro de 2002

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PAINEL DO LEITOR

Juros indomáveis
"É impressionante que o governo, sempre cioso do controle de aumentos abusivos de preços que impactem na inflação, exima-se totalmente de seu papel de fiscalização no que se refere aos juros para tomadores de empréstimos. Por acaso o custo do financiamento não pesa no bolso do cidadão? Se o próprio BC diz que as taxas subiram tremendamente e é conhecedor de que esses últimos aumentos foram superiores ao que tecnicamente se justifica pelo aumento de três pontos percentuais na Selic, por que o governo não age? A única justificativa para um aumento de juros tão maior do que o aumento da Selic seria um aumento da inadimplência, que, por sinal, tem-se mantido absolutamente estável. O que de fato está emperrando o desenvolvimento do país são as taxas de juros cobradas sobre os empréstimos. Não seria bom que presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e o Congresso Nacional tivessem isso em mente ao indicar e aprovar o futuro presidente do Banco Central?"
Jorge A. Nurkin (São Paulo, SP)

Ação rápida
"A demissão de nove funcionários da Febem de Franco da Rocha, acusados de infligir maus-tratos aos adolescentes, merece elogios. Com rapidez exemplar, o governo puniu aqueles que exercem sua atividade com prepotência e agressividade, sem compromisso com a recuperação dos jovens. As denúncias sobre abusos e agressões certamente contribuíram para a demissão desses funcionários. Mas, embora importante, essa ação não é suficiente. A manutenção de adolescentes em um presídio fere o Estatuto da Criança e do Adolescente e as resoluções do Conselho Nacional e do Conselho Estadual da Criança e do Adolescente. O adolescente em regime de internação tem direito a escolarização, profissionalização, desenvolvimento pessoal e social, integridade física, moral e psicológica. Continuamos aguardando que esses direitos sejam assegurados."
Helio Mattar, diretor-presidente da Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança e do Adolescente e do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente (São Paulo, SP)

Danuza e Marisa
"Tendo lido alguns livros de Danuza Leão e sendo leitora assídua de sua coluna na Folha, não posso me calar. Não sou petista ou "lulista", embora nesta eleição tenha votado nele. Gostei quando li em sua coluna, antes das eleições, o questionamento de por que Lula não poderia usar Armani ou Marisa não poderia fazer suas compras na Daslu. Mas, no último domingo ["Se eu fosse ela", Cotidiano, pág. C2, 24/11], o que li foi uma coluna preconceituosa e indigna da pessoa a que me acostumei a ler. Por que Marisa não poderia morar no Palácio da Alvorada? Porque Lula não possui curso superior? Porque não é poliglota? Porque não tem fricotes e frescuras? Lula e Marisa merecem morar no Palácio. Se eu fosse a Marisa, moraria lá, sim."
Juciara Martins (São Carlos, SP)

 
"Estou numa plataforma de petróleo nos mares de Aracaju, lendo o seu texto na Folha de domingo ("Se eu fosse ela'). Seus textos são perfeitos, falam do cotidiano com se estivessem falando da coisa mais inusitada da vida. Você tem a capacidade de tirar pérolas preciosas de fatos comuns da vida. Parece que sempre fala do coração, ou melhor, parece que é o seu coração que sempre fala, e você apenas digita as palavras. Gosto de ouvir seu coração."
Beroaldo Valeriano Justino (Aracaju, SE)

Projeto dos táxis
"A prefeita Marta Suplicy está de parabéns ao propor acabar com as frotas de táxi em São Paulo, verdadeiras fábricas de escravos. Gente trabalhando até 18 horas por dia para ganhar nada."
Antonio José G.Marques (Guarulhos, SP)

Pequenas e grandes violências
"Nestes últimos dias, ocorreram eventos nos quais adolescentes assassinaram pais e avós. A classe média reage com extrema indignação. Todavia, não parece se importar quando das primeiras manifestações de condutas anti-sociais de seus membros. Andando por uma rua de São Paulo, em frente a um prédio de classe média, recebi um disparo de espingarda de chumbinho cuja bala me atingiu o rosto bem ao lado do olho esquerdo, por pouco não me cegando. Quando tentei falar com os responsáveis pelo prédio, não tive qualquer acolhida. Fui informado pelo porteiro de que os responsáveis pelo condomínio nada poderiam fazer, pois não poderiam saber de quem se tratava. Essas mesmas pessoas, quando posteriormente esse psicopata assassinar algum parente, mostrar-se-ão indignadas, sem saber como as coisas chegaram a esse ponto."
Claudio Castelo Filho (São Paulo, SP)

Destino da educação
"Seria bom fazer um contraponto ao artigo do senhor Denis L. Rosenfield ("As universidades e o mérito", "Tendências/ Debates", pág. A3, 28/11). A sua proposta de que se disponibilizem mais recursos às "melhores" universidades apenas perpetuaria a desigualdade entre elas. Quanto a gratificações aos melhores professores, há que se buscar um critério justo, pois o melhor docente não é necessariamente o mais envolvido com pesquisas ou o que tem mais artigos publicados. Ainda em tempo: sugerir o pagamento do ensino universitário público, ainda que seja somente por parte dos mais favorecidos socialmente, é apenas uma maneira dissimulada de falar em privatização do ensino público. Todos já pagamos impostos demais."
Rodrigo Podiacki Barreto de Menezes (Belo Horizonte, MG)

 
"Oportuno o artigo assinado por Newton Lima Neto com as diretrizes e bases da política educacional do governo Lula ("Aprendizagem já!", "Tendências/Debates", pág. A3, 28/11). É preciso que todos saibam que o atual governo desfalca o ensino público em R$ 3,2 bilhões ao deixar de repassar a suplementação do Fundef para 15 Estados."
Cesar Callegari, deputado estadual pelo PSB (São Paulo, SP)


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