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São Paulo, domingo, 30 de novembro de 2003

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CLÓVIS ROSSI

A bala de canhão

SÃO PAULO - O ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) discorda da urgência em obter resultados na política de segurança, cobrada neste espaço dias atrás. "Não há bala de canhão capaz de resolver o problema da segurança", argumenta o ministro. Admito que não, mas foi essa mesma expressão que Thomaz Bastos utilizou, meses atrás, na primeira vez em que critiquei o que me parece falta de noção de emergência na questão da segurança pública.
Continuamos, pois, com sensações diferentes na matéria, mas o ministro convenceu-me ao menos de uma coisa: o governo Lula está fazendo uma vigorosa aposta no combate à lavagem de dinheiro como alavanca essencial da política de segurança.
A lógica, a rigor, é a mesma que os Estados Unidos adotaram a partir do 11 de Setembro: não há terrorismo sem fontes de financiamento. Descobertas e estancadas estas, o terrorismo ou fenece ou fica restrito a um punhado de malucos incapazes de causar maiores estragos.
Da mesma forma, o crime organizado precisa da lavagem de dinheiro para repor em circulação, limpa, a grana acumulada em atividades ilegais. Descoberta a lavagem, chega-se aos verdadeiros chefões, e não aos pés-de-chinelo do morro.
É claro que é muito mais fácil falar do que fazer. Basta citar o fato de que o empenho norte-americano em fazer secar a fonte financeira do terrorismo não impediu que os atentados aumentassem em vez de diminuir.
Mas o caminho tem mesmo de ser esse. Diz Thomaz Bastos que o presidente Lula está firmemente empenhado nesse programa, para o qual não faltarão recursos.
Só vou acreditar na hora em que um peixe gordo cair na rede. Aí, sim, o efeito seria o da bala de canhão que o ministro acha não existir.


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