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São Paulo, domingo, 30 de novembro de 2003

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PAINEL DO LEITOR

Equilíbrio insustentável
"Reportagem publicada recentemente no jornal "The New York Times" apontou seriíssimos conflitos entre a comunidade ambientalista brasileira e o governo Lula, causados pelas abordagens sobre as poluentes fontes energéticas -nuclear e carvão-, os desordenados desmatamentos na Amazônia, os desconhecidos transgênicos, a hidrovia da droga -no pantanal- e a megahidrelétrica Belo Monte, entre outros. Acrescente-se a isso a exemplar saída-protesto do deputado Fernando Gabeira. Se o presidente Lula continuar a atender apenas à ganância do mercado, comprometerá ainda mais a integridade dos recursos naturais brasileiros em nome de um crescimento econômico desordenado (na marra) e do cumprimento das promessas de emprego (não importa de que modo). Se o presidente não atender às propostas da ministra Marina Silva, dificilmente conseguirá manter um equilíbrio sustentável entre o atendimento das necessidades das atuais gerações sem o comprometimento das necessidades e direitos das futuras gerações."
Tadeu Santos, coordenador-geral da ONG Sócios da Natureza (Araranguá, SC)

Paraíso político
"Voltaram os famigerados horários políticos. Todos eles estão lá novamente, com as mesmas caras, as mesmas promessas, a mesma retórica, prometendo o mundo, enumerando as obras supostamente realizadas ou os desmandos dos antecessores. Todos têm um desejo incontrolável de trabalhar para o povo. Evidentemente não põem em conta que, na Bahia, por exemplo, ainda há 3 milhões de analfabetos e 80% dos municípios não pagarão o 13º salário. Mas todos os vereadores têm seus vencimentos em dia. Não explicam os escândalos da Assembléia, um atrás do outro, mas os deputados recebem até R$ 75 mil por mês.
No entanto, no horário político, tudo está muito bem: a Bahia é um oásis, e o Brasil é um verdadeiro paraíso político."
Achel Tinoco (Salvador, BA)

Onde andará?
"Excelente o artigo de Luís Nassif de 27/11 (Dinheiro), "A mocinha da Varig", que aponta a insanidade que a burocracia vem fazendo com o Brasil. Estamos atolados em regulamentos engessados numa mentalidade atrasada e ineficiente. Como disse Nassif, parece que as coisas só funcionam porque os regulamentos não são obedecidos. Não haverá crescimento e dinamismo enquanto imperar a burocracia. Onde foi parar a desburocratização que Hélio Beltrão tentou implementar nos anos 80? Parece que o país está andando como caranguejo"."
Renato Khair, procurador do Estado (São Paulo, SP)

Subteto na educação
"No Exame Nacional do Ensino Médio de 2003, os alunos das escolas públicas obtiveram a média de 37,52, enquanto os alunos das particulares obtiveram 70,41. Fica evidente que as escolas públicas de todo o país já adotaram o subteto na educação."
Ascenso Furtado, pedagogo aposentado (Rio de Janeiro, RJ)

Mundos
"Mais uma vez o leitor da Folha é agraciado com a lucidez da colunista Barbara Gancia. No texto "Liana e Eliana em mundos à parte" (Cotidiano, 28/11), Barbara simplesmente desnuda a triste sociedade em que vivemos, deixando cair um véu e permitindo que se tenha a visão perfeita da hipocrisia vigente. Aproximados estamos, mais do que nunca, uns dos outros, por modernos e requintados meios de comunicação. Porém, infinitamente distanciados, separados por egoísmos extremos, vingança e ódio."
Marcelo de Campos Pereira (São Paulo, SP)


"Manifesto minha estranheza em relação ao bizarro ponto de vista expresso por Barbara Gancia na coluna de 28/11. É claro que os dois crimes abordados são lamentáveis e se inserem na desgraçada falência do país como sociedade, e ambos merecem nossa indignação e repulsa. Mas achar que são idênticos é alienação ou bizarria moral. Num crime, uma jovem é assassinada a tiros num violento bairro de São Paulo. Noutro, uma jovem de 14 anos é vítima de sequestro por uma semana, seu companheiro é assassinado, ela é submetida à hedionda violência sexual. Hora após hora vive o pesadelo de estar à mercê de facínoras e depois é assassinada com requintes de crueldade. Para a colunista, é apenas um crime, como qualquer outro."
Alexandre de Macedo Marques (São Paulo, SP)

Caça ao camelô
"Por 43 vezes neste ano, o prefeito Cesar Maia criou o caos no centro do Rio. Quer tirar das ruas, na marra, desempregados que buscam sua subsistência na camelotagem. Que se apreendam mercadorias roubadas e que se impeça e se puna a pirataria e o contrabando é dever do Estado, mas tratar trabalhadores como bandidos, criando confrontos no centro do Rio, expondo toda a sociedade à violência, é um absurdo! E o prefeito ainda acusa o governo do Estado de não disponibilizar a PM na caça ao camelô. Dado o número crescente de camelôs, além da Guarda Municipal e da PM, iríamos precisar da Polícia Federal e das Forças Armadas. É preciso organizar o comércio ambulante e impedir o contrabando e a pirataria. O camelô é resultado da incompetência de nossos governos."
Emanuel Cancella (Rio de Janeiro, RJ)

Inclusão
"Estou convencido de que a pena de morte teria o apoio absoluto da população se nela fossem incluídos os criminosos de colarinho branco, ou seja, os corruptos detentores de altos cargos na administração pública e privada. O número de vidas subtraídas em decorrência da ação desses marginais poderosos é incomensurável."
Antonio Negrão de Sá (Rio de Janeiro, RJ)

Dívida educativa
"É estarrecedora a noticia da provável assinatura de medida provisória que irá perdoar as dívidas de ex-estudantes que participaram do programa de financiamento educativo em faculdades particulares. Alegando que 84% do ex-estudantes não pagam os financiamentos após formados devido à crise econômica, o governo daria perdão de 80% das dívidas, juros e multas (cerca de R$ 2 bilhões). Além disso, o perdão se estenderia aos 16% restantes que estão com os pagamentos em dia -tudo isso por conta da "Viúva". Não se poderia aumentar a carência, que hoje é de apenas um ano após a formatura, para o início do pagamento do empréstimo? Será que com o anunciado espetáculo do crescimento esses indivíduos não conseguiriam em breve renda para regularizar essas dívidas? Infelizmente a cultura do calote impera no país."
André Ramos (São Paulo, SP)


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