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EM DÉBITO COM A EDUCAÇÃO
Foi aprovado anteontem, em primeira votação, projeto de lei apresentado pela Prefeitura de São Paulo
à Câmara Municipal propondo o
adiamento -para nada menos que o
distante ano de 2002- do pagamento da dívida acumulada na área da
educação pelo ex-prefeito Paulo Maluf e pelo atual mandatário, Celso
Pitta. A Lei Orgânica do Município,
porém, é clara ao estipular que a prefeitura deverá destinar ao ensino fundamental e à educação infantil pelo
menos 30% de sua arrecadação.
É espantoso que os próprios legisladores da municipalidade se disponham a tornar lícita uma prática que
desde 93 vem afrontando ostensivamente uma determinação legal. A
mesma Câmara já havia oferecido ao
Executivo municipal, em 26 de maio,
a aprovação de lei que permitia um
parcelamento dos investimentos faltantes em educação durante a gestão
de Paulo Maluf. Fiel até mesmo às
práticas duvidosas de seu antecessor,
o atual prefeito já acumula, em seu
primeiro ano de mandato, um débito
estimado "entre R$ 30 milhões e R$
50 milhões", segundo o secretário
Municipal de Finanças.
O descaso da prefeitura com uma
área social cuja importância é hoje
reconhecida por todos torna-se ainda mais condenável se forem lembradas pelo menos duas agravantes. O
próprio Executivo municipal dobrou
a verba destinada à publicidade oficial em 97 mediante remanejamento
de recursos de outras áreas, distorção inaceitável para os munícipes
que vêm assistindo ao abandono de
obras até então consideradas prioritárias e de serviços básicos como a
limpeza das ruas. Algumas dessas
obras, aliás, alardeadas como grandes realizações de Paulo Maluf, que
deveriam ser continuadas por seu sucessor, Pitta, e que na verdade foram
tocadas de maneira eleitoreira, ao
custo de levar os cofres municipais à
ruína. Como se isso não bastasse, a
prefeitura vem incluindo, no conjunto das despesas previstas para a educação, até mesmo o pagamento das
aposentadorias de professores e salários de guardas civis responsáveis
pela segurança nas escolas.
Prefeitura e Câmara municipal parecem pois cuidar apenas de um negócio. Talvez queiram fazer crer que
as salas de aula, a merenda e as bibliotecas podem esperar por essa
preguiçosa amortização de longo
prazo. Ao que tudo indica, apostam
na falência da educação municipal.
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