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LULA OTIMISTA
Entusiasmado com os indicadores econômicos positivos e
com a ascensão de sua popularidade
nas pesquisas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem demonstrando
em seus discursos um otimismo
transbordante. Não há oportunidade
perdida para auto-elogios, promessas de dias radiantes e anúncio de
ótimas perspectivas.
O presidente, vendo pela frente
"mar de almirante" e "céu de brigadeiro", já assegurou que "não há espaço para crise" no ano vindouro,
anunciou desenvolvimento com distribuição de renda e saudou os novos
integrantes do Conselho da República de maneira um tanto estranha:
"2005 poderá marcar a passagem de
vocês pela Terra", profetizou.
A mesma euforia está presente na
apologética publicidade oficial que
ocupa neste final de ano o horário
nobre da TV, procurando difundir a
sensação de que o melhor do Brasil,
na realidade, é o governo brasileiro.
Todavia, o entusiasmo não impediu Lula de referir-se com certo
amargor e ironia aos críticos de sua
administração. Para fazê-lo, sintomaticamente, recorreu à mesma
imagem utilizada por seu antecessor, o presidente Fernando Henrique
Cardoso, que assiduamente disparava contra os "fracassomaníacos"
-categoria na qual enquadrava a
oposição petista. Lula preferiu mencionar aqueles que têm "desejo de
fracasso", reciclando o conceito sem
no entanto repetir a expressão cunhada por FHC, que também tinha o
hábito de chamar seus opositores esquerdistas de "neobobos".
Em recente artigo publicado pela
Folha, Xico Graziano, ex-presidente
do Incra, listou as inúmeras mudanças por que passou o discurso do PT
desde que subiu a rampa do Planalto.
Sempre a ver defeitos e equívocos na
gestão anterior, o ex-líder oposicionista, uma vez alojado no governo federal, arrependeu-se do que ele mesmo classificou de antigas "bravatas"
e logo conciliou-se com situações
que antes repudiava.
Não deixa de ser instrutivo observar
como o poder impõe comportamentos semelhantes a seus ocupantes
-ainda que eles se apresentem como empedernidos adversários.
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