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Chaga mafiosa
ENTRE as expectativas acerca
da gestão de José Serra, que
na segunda-feira toma posse como governador de São Paulo, a mais candente diz respeito à
segurança pública. A sensação de
insegurança da população cresceu após os ataques do crime organizado ocorridos neste ano.
Entre os principais desafios estão bloquear de vez a comunicação entre lideranças presas e delinqüente nas ruas; sufocar a finança da organização criminosa;
desbaratar as principais subquadrilhas cuja atuação no tráfico de
drogas e nos crimes patrimoniais
ajuda a sustentar a máfia; depurar as forças da segurança pública dos integrantes cooptados pelos bandidos.
O governador eleito nomeou
Ronaldo Marzagão, ex-procurador de Justiça, para a Segurança
Pública e manteve Antonio Ferreira Pinto na Administração Penitenciária. Deu um sinal de mudança -trocou o linha-dura Saulo Abreu por alguém mais próximo da ala moderada do Ministério Público- e o temperou com
uma dose de continuísmo. Seria
de fato um erro fazer tábula rasa
do que foi feito na segurança pública paulista nos últimos anos.
A média mensal de homicídios
no Estado, ainda absurda em termos absolutos, caiu 46,5% de
2001 a 2006; roubos e furtos de
veículos diminuíram 18%. Quanto ao crime organizado, as erupções de violência da máfia dos
presídios são também sintomas
de que a política de repressão
fustigou os bandidos -eles decerto teriam preferido uma política mais complacente.
É evidente que o combate ao
crime não pode dar-se à custa
dos direitos humanos e da prestação de contas dos atos da polícia, falhas ostensivas em alguns
episódios ao longo desses anos.
Mas a opção por não ceder espaço à chaga mafiosa -e por sufocá-la até a sua extinção- não é
uma "escolha política". Trata-se
de uma imposição da realidade e,
portanto, precisa continuar.
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