|
Próximo Texto | Índice
Editoriais
editoriais@uol.com.br
País com crédito
Competição entre bancos e vitalidade do mercado de capitais ajudam a baixar o ainda alto custo do dinheiro no Brasil
O SISTEMA bancário no
Brasil, como se sabe,
apresenta há anos tendência à concentração.
Em meados de 2009, os sete
maiores bancos responderam
por quase 90% dos depósitos e
das operações de crédito, contra
cerca de 75% em 2006.
A concentração de mercado facilitou o comportamento oligopolista e a manutenção de altíssimas margens de ganho. Mesmo
considerando os fatores que contribuem para o custo elevado do
crédito no Brasil -entre eles o
alto peso dos impostos e da inadimplência-, a baixa concorrência no sistema bancário sempre
foi parte crucial do problema.
Até antes da crise, a concentração era liderada pelos bancos
privados. A novidade de 2009 foi
o aumento do ativismo dos bancos públicos, tanto na aquisição
de instituições privadas quanto
na busca por maior participação
no total de empréstimos. Esse
impulso surgiu, de início, como
reação à crise internacional.
Decerto a expansão do crédito
público engendra riscos que precisam ser monitorados, em especial no que se refere à qualidade
desses empréstimos. Seus efeitos para o funcionamento no
mercado, no entanto, foram importantes. A participação dos
bancos públicos no total emprestado passou de 34%, em meados
de 2008, para 41% em novembro
deste ano -um salto expressivo.
Bancos privados, capitalizados
e mais confiantes no desempenho da economia, tentam agora
recuperar sua fatia de mercado.
Há sinais, pois, de maior concorrência, o que contribui para
reduzir o custo do crédito. Em
novembro, as taxas médias de juros, ainda altas sob padrões internacionais, resvalaram no mínimo histórico. O spread -margem entre a taxa para captar o dinheiro e a empregada para emprestá-lo- deve continuar a cair.
Para 2010, com a retomada do
crescimento econômico, a concessão de crédito vai acelerar-se
mais. Não será surpresa se a fatia
de empréstimos em relação ao
PIB romper os 50% -cinco pontos percentuais acima do patamar atual. O crédito que os bancos podem oferecer livremente
deve crescer mais de 20%, contra
8% em 2009. Já os recursos com
destinação obrigatória subirão
ao menos 25%, por conta dos desembolsos do BNDES e do financiamento da casa própria, ainda
incipiente no Brasil.
É importante, ainda, considerar o dinamismo do mercado de
capitais, que se consolida como
alternativa de financiamento.
Somada à concorrência entre os
bancos, a expansão de instrumentos como a emissão de títulos de dívida empresarial e imobiliária, negociáveis no mercado,
reforça a comunicação direta entre investidores e tomadores de
recursos. Contribui, assim, para
baratear o custo do dinheiro.
Próximo Texto: Editoriais: Repressão em Teerã
Índice
|