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MELCHIADES FILHO
Kassabinho e 2012
BRASÍLIA - Gilberto Kassab tem
poucos motivos para brindar o ano
novo. Não terá somente que se desdobrar para recuperar os índices de
aprovação, que despencaram ao
longo de 2009, mas reavaliar toda a sua estratégia política.
Por alguns meses, o DEM pensou
em um voo mais ambicioso para o
prefeito de São Paulo. Lançá-lo ao governo do Estado, por exemplo.
Kassab despontava como nova liderança dentro e fora do partido.
Passara com louvor no teste das urnas em 2008. Por que perder o embalo? Além disso, há a desavença
entre José Serra e o candidato tucano, Geraldo Alckmin. O governador
não haveria de se opor à ideia de patrocinar dois nomes de sua base.
No entanto, a administração Kassab derrapou feio em 2009 ao lidar
com restrições orçamentárias. Não
tomou decisões sensatas em muitas
áreas cruciais, como varrição de
ruas, merenda escolar e controle de
enchentes. A Cidade Limpa virou a Cidade Descuidada.
Pior: Kassab mostrou-se indeciso. Cansou-se de anunciar "maldades" e depois recuar -um jogo sádico com o município, que comprometeu tanto a imagem do bom executivo como a do político afável.
Quando enfim manteve a palavra, foi para aumentar o IPTU. Afe.
O eleitor, claro, reagiu. O boneco
Kassabinho da campanha deve estar levando agulhadas de vodu. Em
um ano, dobrou o número de paulistanos que acham ruim ou péssima a gestão -de 13% para 27%. Os
que a consideram ótima ou boa caíram de 61% para 39%. A avaliação
derreteu em todos os recortes: renda, sexo, idade e escolaridade.
Sem o respaldo da cidade, Kassab torna-se "inelegível" em 2010.
Obriga o DEM, em vez de avançar
no cenário estadual, a tentar proteger o municipal. Conseguirá um
prefeito anêmico fazer o sucessor?
Os rivais pegaram a deixa. Perceberam que 2010 também servirá ao
jogo de 2012. Não à toa, voltou-se a
falar no PT nos nomes de Aloizio
Mercadante e Fernando Haddad.
melchiades.filho@grupofolha.com.br
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