São Paulo, quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

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CLÓVIS ROSSI

Há um poder no feminino?

SÃO PAULO - Pena que Dilma Rousseff tenha decidido, pelo menos por enquanto, não aceitar o convite para participar do Fórum de Davos, o grande encontro de personalidades de todo janeiro nos Alpes suíços.
Uma das mesas de discussão parece ter sido armada com ela em mente. Chama-se "Seis Desafios Globais, uma Solução: Mulheres".
Quase todos os seis desafios têm a ver com os que Dilma enfrentará a partir de 1º de janeiro: desemprego, resolução de conflitos, envelhecimento [populacional], crescimento [também populacional], educação e saúde.
Adoraria ver Dilma contar o que pensa a respeito, não só porque ainda não se sabe bem o que ela pensa sobre tudo como porque ajudaria a encaminhar a tese de doutorado que eu nunca vou apresentar.
A premissa da tese seria mais ou menos assim: já que os homens construímos um mundo que está longe de ser paradisíaco, é hora de darmos um passo atrás e deixarmos as meninas darem a ele cores mais alegres para todos ou, pelo menos, para a grande maioria.
O problema é que, além da premissa, não tenho mais nada a dizer. Ou, posto de outra forma, não sei se há um jeito feminino de governar, se há uma maneira feminina de, por exemplo, resolver conflitos, para citar um dos desafios de Davos.
Temo até o contrário. Como se estereotipou a mulher como frágil, e como fragilidade não combina, em tese, com ser chefe (de governo ou qualquer outra chefia), exige-se das mulheres-governantes que sejam "machas". Não é à toa que a mais famosa mulher-governante, Margaret Thatcher, acabou rotulada como "dama de ferro".
Tampouco Angela Merkel, a outra mulher chefe de governo de país relevante, faz algo muito diferente do que fizeram os homens que a antecederam. Tomara que Dilma o faça. De qualquer jeito, que tenha, como todo leitor, um feliz ano novo.

crossi@uol.com.br


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