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ESTAGNAÇÃO SOCIAL E CRIME
Há algumas semanas, ao comentar
números aliás nada abonadores sobre a violência no Rio de Janeiro, o
secretário da Segurança fluminense
observou que o número de homicídios no Estado em 97 havia diminuído. Parece estranho, mas é fato, segundo as estatísticas oficiais.
Mas, mesmo havendo menos assassinatos, a violência ainda é grande.
Assim é porque, do mesmo modo como em São Paulo ou Vitória do Espírito Santo, será necessária forte redução do número de mortes criminosas
para que o Brasil deixe o grupo de
frente dos países com as maiores taxas de homicídios do mundo.
Mas tão dramáticos quantos esses
indicadores são os sinais do quanto
tal situação está econômica, social e
culturalmente entranhada nas cidades. Tomem-se as últimas notícias
do Rio. Bandidos em luto pela morte
de seu líder fizeram o comércio de
um bairro fechar as portas.
Não é só. O crime conquista cada
vez mais espaços e mesmo mentalidades. Traficantes cariocas fecham
avenidas ou interrompem o tráfego
para realizar seus negócios. Bandidos fugidos da cadeia levam um bairro popular à festa para comemorar a
burla da segurança estatal. Há as balas perdidas e chefes do bicho são
mortos nas ruas na guerra entre os
líderes da máfia do jogo.
Em São Paulo, apenas o modus operandi difere. Descrentes da segurança do Estado, os mais bem situados
na escala social contratam milícias.
Justiceiros são a opção de bairros pobres. Nesses lugares, o homicídio é o
resultado cotidiano de vidas sem
perspectiva, perdidas em álcool e
droga. O crime organizado paulista,
mais discreto, age por meio de forças-tarefas bem armadas, que saqueiam cargas e transportes de altos
valores.
Não será apenas um governo que
irá modificar substancialmente tal
cenário, embora seja decepcionante
a falta de criatividade e energia das
autoridades no combate ao crime.
Deve ser motivo de reflexão o fato de
que, além da histórica pobreza, a situação social e econômica é insatisfatória há anos. Sem políticas e correções incisivas nessa área, o futuro
das condições de vida nas grandes cidades será provavelmente sombrio.
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