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FURA-FILA
Na campanha eleitoral que
conduziu Celso Pitta à cadeira
de prefeito de São Paulo, o Fura-Fila
foi uma grande atração. Uma animação computadorizada -a cargo do
atual marqueteiro do PT, Duda Mendonça- invadiu o horário eleitoral
exibindo nas TVs as incríveis virtudes
desse meio de transporte que prometia livrar o paulistano do tormento
dos congestionamentos, com a vantagem de custar muito menos do que
linhas de metrô, por ser um veículo
de superfície montado sobre pneus.
Oito anos se passaram e o Fura-Fila, rebatizado de Paulistão, ainda não
foi visto circulando na cidade. Pitta,
para tentar manter as aparências,
chegou a promover, em 1999, uma
insólita "inauguração simbólica" de
um trecho de 8,5 km, que uniria o
Parque Dom Pedro ao Sacomã. Em
novembro de 2000, no entanto, a
obra foi abandonada.
Ao assumir a prefeitura, Marta Suplicy anunciou que retomaria os trabalhos. O percurso original de Pitta
foi ampliado para 22,5 km, até São
Mateus. Com algumas adaptações
para tornar o projeto menos caro, tudo ficaria em R$ 345 milhões, em valores atualizados.
Descobre-se agora que pelo menos
R$ 461 milhões deverão ser gastos na
obra, que ainda deverá consumir 18
meses para ser concluída. O que teria
ocasionado o aumento? Mais precisamente, a que ele corresponde?
A prefeitura, como vai se tornando
rotina, negou-se a fornecer as explicações solicitadas. Silencia sobre tema relevante, comportando-se de
forma semelhante a prefeitos que antes criticava. O episódio é, do início
ao fim, um desrespeito com os paulistanos. Do descarado ilusionismo
da campanha aos inexplicados aumentos de custos, passando pela falsa inauguração e pelo longo atraso,
tudo tem jeito de escárnio.
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