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PIORA REGIONAL
As economias latino-americanas permanecem "fragilizadas" e vulneráveis a choques externos, de acordo com o "Informe
Anual 2003" do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). A
incidência de pobreza, isto é, pessoas vivendo com menos de US$ 2
por dia, que havia diminuído nos
anos 90, voltou a subir, atingindo
225 milhões de pessoas. Em termos
percentuais, a faixa de pobreza, que
atingia 42,1% da população regional
em 2000, passou a 44% em 2003. Outra má notícia é a constatação de que
a taxa de desemprego alcançou o
maior patamar registrado pelo BID
-de 10,7%, em média.
Desde 1980, ocorreram crises econômicas importantes em 22 países
latino-americanos, levando-os a um
quadro de paralisia financeira. Nos
sete maiores países da região, os empréstimos ao setor produtivo caíram
20% em termos reais entre 1998 e
2003. Por sua vez, o endividamento
público das sete maiores economias
saltou de 37% do PIB (Produto Interno Bruto) em 1997 para 51% em
2002. Com isso, os investimentos
públicos e privados encolheram para
o menor nível dos últimos dez anos.
Entre os anos de 1997 e 2002, a queda
dos investimentos no Brasil atingiu
10% e, na Argentina, 60%.
As taxas recordes de desemprego e
de pobreza, a carência de crédito
bancário e o alto endividamento público têm sido compensados, temporariamente, por um cenário internacional favorável. A elevada liquidez
e as baixas taxas de juros internacionais, associadas à forte demanda por
matérias-primas latino-americanas
(puxada principalmente pelo crescimento da China), permitem a projeção de uma taxa de crescimento para
os países latino-americanos em torno de 4% em 2004, bem acima do
1,5% de 2003. Entretanto, esse dinamismo pode não se sustentar a médio prazo. Os grandes problemas
continuam "presentes e preocupantes", segundo o BID, podendo dificultar a retomada do crescimento
das economias latino-americanas,
sobretudo se tiver lugar uma deterioração do contexto internacional.
Sendo assim, as perspectivas de
médio e longo prazo mostram-se
bastante incertas. A boa nova tem sido o ajuste externo. Na Argentina, o
déficit em conta corrente de 5% do
PIB registrado em 1998 foi invertido
para um superávit de 8% do PIB em
2003. No mesmo período, na Venezuela passou-se de um déficit de 5%
para um superávit de 13%.
Esses esforços para acumular saldos comerciais são parte de uma estratégia correta para reduzir a necessidade de financiamento externo dos
diversos países. Farão bem os governos que continuarem nessa direção.
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