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AQUÉM DO ESPERADO
Escorada no grande clamor
que se seguiu às entrevistas de
Roberto Jefferson a esta Folha e em
uma composição razoavelmente
equilibrada entre apoiadores e adversários do governo, a CPI dos Correios teve as melhores condições
possíveis para aprofundar-se nas investigações. A primeira minuta do
relatório final do colegiado, divulgada anteontem, se não pode ser considerada um fracasso, ficou certamente aquém do desejado.
É provável que os limites políticos
da investigação tenham sido impostos pelo seu próprio objetivo: investigar muitos parlamentares. Se era verdadeira ou falsa a denúncia de Jefferson de que se contavam às dezenas
os agraciados com dinheiro providenciado pelo governismo, a CPI
passou ao largo de responder.
No relatório, Osmar Serraglio
(PMDB-PR) desmontou a versão fantasiosa de que a origem dos recursos
destinados a parlamentares eram
empréstimos bancários. Mas a comissão furtou-se a quebrar os sigilos
de colegas, o que era fundamental
para conhecer o volume e a extensão
dos pagamentos, bem como para
subsidiar processos políticos e judiciais contra os envolvidos.
As informações mais comprometedoras contra parlamentares pouco
avançaram em relação ao que se sabia em setembro do ano passado. O
ímpeto inicial da oposição foi refreado com a descoberta de que o "valerioduto" atuara a favor de tucanos
mineiros em 1998.
Esse notável apaziguamento de
ânimos dos oposicionistas -somado ao interesse do governismo no
abafamento do caso- contribuiu
para que a temperatura da crise fosse
baixando e uma grande "pizza" fosse sendo servida na forma de absolvições escandalosas de beneficiários
do "valerioduto" no plenário da Câmara. Apenas três parlamentares foram cassados até aqui.
O ceticismo com os resultados futuros do relatório da CPI dos Correios só faz aumentar quando oposição e governo debatem o teor do texto que deve ser votado na terça-feira.
Uma investigação cujos resultados
estão abertos a negociação política
não pode ser levada tão a sério.
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