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FERNANDO RODRIGUES
O poder dos partidos
BRASÍLIA - No final da ditadura
militar, com a volta do pluripartidarismo no início dos anos 80, as estruturas internas das agremiações
políticas se burocratizaram. O aparelhamento era extremo. Generalizou-se o fenômeno pelo qual já havia passado o PCB. Surgiu então
uma anedota sobre o cotidiano dessas organizações.
Um militante encontra-se casualmente com outro e pergunta:
"Você foi à última reunião da direção do partido?". E a resposta:
"Não, não fui. Mas se soubesse que
seria a última eu teria ido".
O desalento era total. Inútil participar. Quem mandava eram os "capas-pretas" de cada agremiação.
Hoje, quase 30 anos depois, esse
tipo de ambiente ainda persiste na
maioria das legendas. Não há vida
partidária real. A exceção é o PT,
com as ressalvas de sempre -pela
adoção de um modelo stalinista
adaptado aos trópicos.
A decisão do TSE sobre a fidelidade de filiação dos políticos eleitos
poderá trazer novidades nessa área.
Os partidos passam a ter ainda mais
poder. Se expulsarem um deputado, estarão, na prática, cassando um
mandato.
É evidente que o Congresso tentará modificar essa interpretação.
Uma nova lei deve ser aprovada em
breve. Mas haverá alguma melhoria
na regra de fidelidade, cujo efeito
será o fortalecimento das cúpulas
partidárias.
Um dos efeitos positivos pode ser
o estímulo para uma participação
maior de filiados nas disputas internas de seus partidos. Hoje, as eleições nas legendas mais se parecem
com ações entre amigos. Como a infidelidade era liberada, não valia a
pena tentar entrar no clube dos dirigentes. Agora, tudo muda.
A decisão do TSE colabora para
minimizar o pântano das trocas
partidárias e talvez ajude as legendas a terem militantes verdadeiros.
Há um desarranjo momentâneo.
Mas é útil no médio prazo.
frodriguesbsb@uol.com.br
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