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FERNANDO DE BARROS E SILVA
Kassabinho city
SÃO PAULO - Caiu mais um pouco a aprovação à administração Gilberto Kassab. Como mostrou ontem o Datafolha, 34% dos paulistanos consideram sua gestão boa ou
ótima, número agora idêntico aos
que a avaliam como ruim ou péssima. Em dezembro, a aprovação era
de 39%, contra 27% de reprovação.
A popularidade de Kassab vem
descendo a ladeira desde que ele foi
eleito, no final de 2008. O prefeito,
na verdade, está no poder desde 31
de março de 2006, há quatro anos,
quando José Serra deixou a prefeitura para disputar o governo.
Alavancado do anonimato para a
glória, ele ultrapassou os 60% de
aprovação popular na campanha,
mas sua imagem no atual mandato
vem murchando progressivamente: Kassab, Kassabão, Kassabinho.
O boneco que serviu de símbolo
eleitoral vai se transformando em
síntese de uma trajetória política.
Emancipado de seu padrinho, o
prefeito parece um brinquedo sem
corda. Mostra-se inoperante no dia
a dia, catatônico diante das chuvas,
dá sinais de que não tem bússola. O
demo-quercismo que Serra legou
ao paulistano talvez seja isso aí.
Parece sintomático que as iniciativas mais marcantes de Kassab tenham ocorrido durante seu período
"tampão", antes da eleição. A Virada Cultural, que começou em 2005,
mas emplacou a partir de 2006, é
uma delas. A outra é o Cidade Limpa, em vigor desde janeiro de 2007.
Aquilo que foi, sem dúvida, uma
conquista histórica perde, porém,
significado e compromete seu efeito social se o poder público não se
dispõe, a seguir, a recuperar a "cidade suja" e deteriorada que os outdoors, eles próprios horríveis, escondiam dos nossos olhos. O que
então parecia um avanço urbano
pode se revelar só uma maquiagem
às avessas na paisagem, um tipo de
mágica, um golpe de marketing para iludir (ou atrair) "progressistas".
Parece também ser um pouco esse o sentido oculto da "virada": uma
vez por ano, as ruas do centro abandonado se tornam habitáveis, festivas, "culturais" -como se por um
dia todos brincassem "de cidade".
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