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FERNANDO RODRIGUES
Lobby, inépcia, preguiça e medo
BRASÍLIA - O Supremo Tribunal Federal está para derrubar a cobrança
da contribuição previdenciária de
servidores aposentados. Ato contínuo, o ministro da Previdência, Amir
Lando, decidiu trabalhar. Da maneira errada e imprópria, claro.
Lando foi ao Supremo na quinta-feira passada para fazer lobby a favor
da cobrança dos inativos. Esse novo
"tributo" foi criado pela emenda
constitucional da Previdência -a
única de relevância real aprovada
durante a gestão Lula.
O senador pelo PMDB de Rondônia, que hoje ocupa politicamente o
cargo de ministro da Previdência,
sem cerimônia, declarou: "Vim manifestar a preocupação do ministério
com o que está se desenhando".
O que Amir Lando fez tem nome:
pressão indevida sobre um dos três
Poderes da República.
A ilegitimidade do ato fica ainda
pior pelo fato de o governo Lula ignorar olimpicamente a melhor parte da
reforma da Previdência que lutou
para aprovar: o trecho que trata dos
futuros servidores.
FHC entregou o Brasil a Lula com
456.741 funcionários públicos civis na
ativa. Desses, 51.613 (11,3%) entraram no governo, por concurso, durante os oito anos do tucanato.
Sob Lula, já ingressaram na administração federal 7.933 almas -serão 40 mil neste ano, dizem.
Pois a reforma da Previdência permite que novos servidores entrem por
um sistema viável do ponto de vista
atuarial: só contribuem sobre a parcela do salário que vai até R$ 2.400.
Se quiserem mais, pagam um extra
para um fundo de pensão. Justo. Similar ao que se dá na iniciativa privada. Seria o fim da esdrúxula aposentadoria integral. Seria.
Ocorre que esse sistema precisa ser
regulamentado por uma lei. Sem lei,
essa galera vai entrando e logo declarando: "Direito adquirido!".
Lula, Amir Lando e o Congresso se
fazem de mortos. É mais cômodo
pressionar o Supremo. Esconde a
inépcia, a preguiça e, talvez, o medo
de regulamentar os fundos de pensão
para futuros servidores.
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