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VALDO CRUZ
Governo paralelo
BRASÍLIA - Em tempos de CPI dos Correios, a oposição cutuca o governo ao espalhar que o temor do Palácio do Planalto é surgir algo que envolva dois petistas graúdos nos escândalos do momento: o secretário-geral
do PT, Silvio Pereira, e o tesoureiro
do partido, Delúbio Soares.
Antes de tudo, é bom que se diga,
até aqui não há nada que prove ou
mesmo aponte indícios claros de que
os dois possam estar envolvidos em
negócios escusos.
Após essa ressalva, porém, algo é,
no mínimo, intrigante e ajuda a reforçar a tese da oposição: as últimas
declarações de Silvinho, como é mais
conhecido, tornaram público que ele
e Delúbio Soares negociavam cargos
no governo Lula.
Isso mesmo, negociavam a partilha
de postos na administração petista,
mesmo não sendo funcionários nomeados pelo presidente. E combinavam não só os carguinhos do PT -o
que já seria estranho- mas também
os de outros partidos.
Pelo menos foi o que disse Silvinho
à repórter Fernanda Krakovics: "Participei com o [presidente do PT, José]
Genoino e o Delúbio da nomeação de
cargos para o governo até o dia 16 de
dezembro de 2003. De lá para cá, não
participei mais de nenhuma negociação sobre cargos".
Na mesma conversa, Silvinho comenta um acerto de cargo feito com o
senador Fernando Bezerra (PTB-RN). "A gente tinha essa pendência
[com o senador], sim, em 2003. A
partir daí não sei, porque já não encaminhei, não negociei".
Silvinho faz questão de dizer que já
não participa mais do processo desde
o início de 2004. Tudo bem, vamos
acreditar na versão do petista até que
se prove o contrário.
Mesmo assim, é realmente estranho
um secretário e um tesoureiro do PT
negociarem o toma-lá-dá-cá do governo Lula. É, para não dizer outra
coisa, caso explícito de conflito de interesses e de promiscuidade.
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