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FERNANDO RODRIGUES
O vice de Lula
BRASÍLIA - Se Lula bater o pé e
insistir, o seu companheiro de chapa pode ser mesmo Ciro Gomes,
hoje no PSB. Mas a engenharia para
escolher um candidato a vice-presidente é muito mais complexa.
Para começar, políticos vivem de
poder e de expectativa de poder.
Neste ano, a possibilidade de ascender politicamente está com os partidos que têm chance de ultrapassar
a cláusula de desempenho -obter
5% dos votos para deputado federal
em todo o país.
O dispositivo foi aprovado há
uma década e começa a valer agora.
As agremiações que ficarem para
trás estarão relegadas a um papel
secundário. Terão dois minutos por
semestre na televisão, menos de 1%
do fundo partidário e ficarão sem
direito a ter líderes no Congresso.
O que adianta a um determinado
partido ter a cadeira de vice-presidente da República se não ultrapassar a cláusula de desempenho? Esse
é o dilema do PSB. Em 2002, a sigla
só conseguiu os 5% necessários
porque teve Anthony Garotinho como candidato a presidente da República. Ainda assim, bateu na trave, com apenas 5,3%.
O Ceará não é uma potência política, mas tem 4,3% dos eleitores
brasileiros. É o oitavo maior eleitorado entre as 27 unidades da Federação. Se for candidato a deputado
federal pelo Ceará, como anunciou,
Ciro Gomes ajudará o seu partido a
cumprir a cláusula de desempenho.
Como vice-presidente, sua contribuição seria menor.
Nesse cenário intricado, é cada
vez mais provável a vaga de vice-presidente acabar com quem já a
tem -o empresário mineiro José
Alencar. Ele está filiado ao PRB, um
partido sem a menor chance de
cumprir a cláusula de desempenho.
Inofensivos, PRB e Alencar servem também para explicitar, uma
vez mais, a inutilidade da função de
vice-presidente.
@ - frodriguesbsb@uol.com.br
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