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MELCHIADES FILHO
Paulinho da forca
BRASÍLIA - O protesto enfático
de Inocêncio Oliveira (PR-PE) não
deve ser levado ao pé da letra. A Câmara dos Deputados opera "por default" para salvar os seus. O próprio
corregedor, que em público faz
questão de mostrar indignação, demorou 15 dias para encaminhar o
processo contra Paulo Pereira da
Silva (PDT-SP), depois de ter prometido "48 horas, no máximo".
Do mesmo modo, porém, não se
deve achar que o cambalacho foi decretado só porque a Comissão de
Ética pediu tempo para avaliar se
acolhe ou não o pedido de cassação.
Muita coisa contribui para a degola do dirigente da Força Sindical.
Paulinho está no primeiro mandato. Não teve tempo de costurar
uma teia de relações como a que
salvou Renan Calheiros em 2007.
Pelo contrário, causou má impressão nesse ano e meio no Congresso. Seja por repetir que nada de
importante acontecia ali e endossar
o discurso dos "300 picaretas" de
Lula, seja por ameaçar colegas nas
votações que lhe interessavam.
Apoio político irrestrito ele não
reúne nem no PDT. Brizolistas e
outros istas vêem a chance de retomar terreno perdido para a Força.
O ministro Carlos Lupi (Trabalho)
já iniciou a operação desembarque.
A PF não dá pinta de recuo, tão
dedicada a vazar o inquérito, e o governo não parece disposto, nesse
caso, a mandá-la recuar.
A imprensa também está longe
de largar o escândalo. Pudera. Com
o abraço da Procuradoria Geral, ele
deve ficar ainda mais escandaloso.
A única sorte de Paulinho é que
não há um sucessor no "sindicalismo de resultados" (como ele foi de
Medeiros, e este, de Joaquinzão).
A capacidade de mobilização da
Força é menor do que o número milionário de filiados sugere (os comícios vivem de shows e sorteios de
prêmios). Ainda assim, é um instrumento de pressão poderoso.
Deram a Paulinho uns dias para
ele perceber que talvez seja melhor
renunciar a Brasília e tentar salvar a
influência que o trouxe para cá.
mfilho@folhasp.com.br
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