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EMÍLIO ODEBRECHT
Uma agenda estratégica
ESTAMOS VIVENDO, no Brasil,
uma sensação meio generalizada de que, no campo da economia, o pior já passou.
Sou dos que concordam, mas
tem me chamado a atenção o comportamento de líderes políticos e
empresariais que parecem ter optado por se concentrar na solução
das questões imediatas, com foco
no curto prazo.
É óbvio que temos que mobilizar
nossas energias para ações que impactem o curto e o médio prazos na
perspectiva da sobrevivência e do
crescimento -mas com visão de
longo prazo, o que significa pensar
também na perpetuidade das instituições e dos negócios.
Portanto, o que precisamos agora é de uma agenda estratégica que,
sendo expressão da vontade da
maioria, nos permita sair muito
mais fortalecidos das dificuldades
que tivemos que enfrentar.
Listo abaixo as prioridades que,
em minha opinião, devem compor
essa agenda, conforme venho defendendo em diversos fóruns:
- Melhoria da educação em todos
os níveis, com ênfase para o ensino
profissionalizante.
- Investimentos no desenvolvimento de tecnologia.
- Investimentos em infraestrutura.
- Reforma política abrangente,
que nos livre do egoísmo partidário; da visão de eleição que ainda
prevalece sobre a visão de geração;
e da hierarquia dos interesses pessoais sobre os da coletividade
-porque é pré-requisito para o sucesso das demais reformas que o
país exige.
- Geração de postos de trabalho
pela concretização do programa
habitacional para a população de
baixa renda; por novos investimentos em infraestrutura e apoio à
agricultura, porque são medidas
para o curto prazo, de eficácia inquestionável.
- Mobilização nacional visando
qualificar os três Poderes da República -para que possam melhor
servir à sociedade.
Observem que não consta dessa
agenda nem das reflexões que a
embasam a preocupação com o
quanto vamos crescer. Neste momento, essa discussão não me parece relevante. Aliás, nunca tomei
decisão na minha vida de empresário pautado pela taxa de crescimento, que é apenas uma das variáveis num processo de planejamento, e não é a mais importante.
A hora é de agirmos, num esforço
coletivo, com determinação e responsabilidades compartilhadas,
porque só assim vamos reduzir o
desemprego e alcançar o crescimento capaz de proporcionar distribuição de riqueza.
O país soube construir as bases
para enfrentar a crise com segurança e equilíbrio. Agora temos a
oportunidade de formular uma
agenda estratégica que, no pós-crise, nos leve a novo patamar na esfera mundial. Não a desperdicemos.
EMÍLIO ODEBRECHT escreve aos domingos nesta
coluna.
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