São Paulo, domingo, 31 de maio de 2009

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EMÍLIO ODEBRECHT

Uma agenda estratégica

ESTAMOS VIVENDO, no Brasil, uma sensação meio generalizada de que, no campo da economia, o pior já passou. Sou dos que concordam, mas tem me chamado a atenção o comportamento de líderes políticos e empresariais que parecem ter optado por se concentrar na solução das questões imediatas, com foco no curto prazo.
É óbvio que temos que mobilizar nossas energias para ações que impactem o curto e o médio prazos na perspectiva da sobrevivência e do crescimento -mas com visão de longo prazo, o que significa pensar também na perpetuidade das instituições e dos negócios.
Portanto, o que precisamos agora é de uma agenda estratégica que, sendo expressão da vontade da maioria, nos permita sair muito mais fortalecidos das dificuldades que tivemos que enfrentar.
Listo abaixo as prioridades que, em minha opinião, devem compor essa agenda, conforme venho defendendo em diversos fóruns:
- Melhoria da educação em todos os níveis, com ênfase para o ensino profissionalizante.
- Investimentos no desenvolvimento de tecnologia.
- Investimentos em infraestrutura.
- Reforma política abrangente, que nos livre do egoísmo partidário; da visão de eleição que ainda prevalece sobre a visão de geração; e da hierarquia dos interesses pessoais sobre os da coletividade
-porque é pré-requisito para o sucesso das demais reformas que o país exige.
- Geração de postos de trabalho pela concretização do programa habitacional para a população de baixa renda; por novos investimentos em infraestrutura e apoio à agricultura, porque são medidas para o curto prazo, de eficácia inquestionável.
- Mobilização nacional visando qualificar os três Poderes da República -para que possam melhor servir à sociedade.
Observem que não consta dessa agenda nem das reflexões que a embasam a preocupação com o quanto vamos crescer. Neste momento, essa discussão não me parece relevante. Aliás, nunca tomei decisão na minha vida de empresário pautado pela taxa de crescimento, que é apenas uma das variáveis num processo de planejamento, e não é a mais importante.
A hora é de agirmos, num esforço coletivo, com determinação e responsabilidades compartilhadas, porque só assim vamos reduzir o desemprego e alcançar o crescimento capaz de proporcionar distribuição de riqueza. O país soube construir as bases para enfrentar a crise com segurança e equilíbrio. Agora temos a oportunidade de formular uma agenda estratégica que, no pós-crise, nos leve a novo patamar na esfera mundial. Não a desperdicemos.

EMÍLIO ODEBRECHT escreve aos domingos nesta coluna.



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