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O PREÇO DA IMPERÍCIA
Num momento em que se discute a oportunidade de adotar
ou não no Brasil um exame de habilitação para formandos em medicina,
é interessante tentar estimar o custo
humano de profissionais despreparados. Estudo recém-divulgado pela
empresa norte-americana HealthGrades Inc. sugere que 195 mil pessoas morram por ano em hospitais
dos EUA devido a erros médicos preveníveis. O trabalho considerou internações pelo Medicare (equivalente
ao SUS) realizadas entre 2000 e 2002.
Esse número precisa, é claro, ser
relativizado. Nem todas as falhas podem ser atribuídas à má formação
profissional. Também contribuem
para essa macabra estatística rotinas
mal feitas e erros de procedimento.
Um outro estudo, de 1999, realizado
pelo Instituto de Medicina, uma associação independente ligada à Academia Nacional de Ciências dos
EUA, indicou que até 98 mil pessoas
por ano morriam por causas iatrogênicas, ou seja, relacionadas ao atendimento médico.
Os erros mais freqüentes apontados na pesquisa do Instituto foram
ministrar medicamento incorreto ou
em dose inadequada. No trabalho da
HealthGrades, que usou critérios
mais amplos, também foram consideradas falhas no resgate de doentes
e mortes de pacientes de baixo risco
por infecções hospitalares.
Pelo estudo da HealthGrades, se erros médicos aparecessem nas estatísticas oficiais dos EUA como "causa mortis", elas ocupariam a sexta
posição, à frente de doenças como
diabetes, pneumonia, mal de Alzheimer e moléstias renais.
Não se pode, é claro, transpor a situação norte-americana para o Brasil. Se é razoável supor que o pessoal
de saúde aqui formado tenha na média um nível inferior ao dos EUA,
também é certo que, no Brasil, o menor acesso da população a serviços
médicos limita a possibilidade de erros, ainda que leve a conseqüências
piores. De qualquer forma, falhas
preveníveis são, por definição, evitáveis. Cumpre, portanto, tomar as
medidas necessárias para reduzi-las
e, idealmente, extingui-las. O exame
de habilitação para médicos poderia
ser um bom começo.
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