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O MARKETING DE KERRY
Campanhas eleitorais, no
Brasil ou nos EUA, são verdadeiros eventos de marketing. A convenção democrata, realizada em
Boston, que em outros tempos servia
para definir quem concorreria à Presidência dos EUA pelo partido, não
foi senão um roteiro diligente e meticulosamente planejado para conquistar mais alguns pontos nas pesquisas de intenção de voto. Desta vez
como da anterior, nem mesmo a indicação do vice foi guardada como
surpresa -pois o nome de John Edwards já era conhecido.
É nesse contexto que se deve analisar o discurso proferido pelo senador John Kerry. Trata-se de uma peça
de propaganda que tenta dar respostas àquilo que as pesquisas apontam
como os maiores pontos fracos do
candidato. Assim, para contrapor-se
à imagem de liberal ("esquerdista",
no vocabulário político americano),
Kerry defendeu ataques preventivos,
disse que derrotaria os terroristas e
fez uso de palavras de ordem e até de
imagens tipicamente republicanas.
Em termos políticos, o postulante
deu todos os indícios de que chegou
a hora de dirigir sua campanha para
o centro. O raciocínio é o de que ele já
tem os votos dos setores mais à "esquerda" da sociedade, assim como
seu rival, o presidente George W.
Bush, conta com a simpatia da ala
mais conservadora. Como ambas as
fileiras têm mais ou menos o mesmo
tamanho, vencerá aquele que conquistar mais simpatizantes entre os
eleitores que olham mais para os
candidatos e menos para o partido.
Como a disputa tende a ser acirrada, Kerry não poupou a atual administração de críticas pesadas, afirmando que, sob Bush, a Casa Branca
perdeu confiança e credibilidade, as
quais ele se propõe a resgatar. Para
um discurso desse tipo, cuidadosamente elaborado com o auxílio da
mais moderna tecnologia do marketing, John Kerry, tido como distante
e aborrecido, não se saiu mal. Resta
saber se vai conseguir o mesmo
quando tiver de atuar sem script, na
campanha de rua e nos debates.
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