São Paulo, domingo, 31 de julho de 2005

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PAINEL DO LEITOR @ - leitor@uol.com.br


Morte em Londres
"Profundamente lamentável, é óbvio, a morte de Jean Charles. Uma vida é uma vida. Ponto. A paranóia que tomou conta do Reino Unido nas últimas semanas não justifica os oito tiros disparados contra um inocente. Compreendo perfeitamente e partilho da revolta da nação contra o crime em questão. Gostaria só de entender o seguinte: por que atos semelhantes, quando perpetrados pela polícia brasileira (com freqüência muito maior, diga-se de passagem), não têm gerado a mesma revolta?"
Luiz Otávio de Barros Souza (São Paulo, SP)

Mea-culpa
Estou farto dessa hipocrisia toda ao utilizarmos este espaço para lamentar nossos políticos. Está mais do que na hora de cada cidadão admitir uma certa parte de culpa nessa lama toda que assola o país há muito tempo. Admitamos que nossos políticos nada mais são do que o reflexo de uma sociedade degradada culturalmente, que está perdendo seus valores morais, éticos e sociais a cada dia. Uma sociedade que clama por justiça, mas, muitas vezes, fecha os olhos para a miséria, corrompe funcionários públicos por interesses escusos, joga lixo nas ruas, dirige irresponsavelmente, sonega impostos, admite trabalhadores em lavouras como escravos, engana o próximo na prestação de serviços, não se interessa por política etc. No dia em que admitirmos que estamos realmente errados, estaremos elegendo políticos mais honestos."
Ricardo Bertini Filho (Campinas, SP)

Verdades
"Neste emaranhado de situações escabrosas emergem duas verdades cristalinas: o presidente Lula quer realmente o bem do povo; mas ele não tem a menor idéia de como se chega lá."
Geraldo Siffert Junior (Rio de Janeiro, RJ)

Ressarcimento
"Na realidade, quem vai pagar por todo esse "rombo" que a imprensa e as CPIs estão descobrindo é o próprio povo, por meio de juros escorchantes que o governo cobra. O sr. Valério e sua quadrilha foram apenas os repassadores de valores que não lhes pertenciam e foram obtidos por meio de contratos fajutos com o próprio governo. Quem vai ressarcir ao contribuinte o dinheiro roubado, que deve somar bilhões de reais? Provavelmente ninguém; e certamente teremos aumento de impostos para compensar o prejuízo."
Cláudio Froes Peña (Porto Alegre, RS)

Reforma
"Acho que é o momento de refletirmos sobre nossa forma de governo. Se há interesses para transformá-la, os políticos mais "sérios" poderiam propor novamente um plebiscito: presidencialismo ou parlamentarismo. Assim como o voto facultativo. Será que algum parlamentar pensou nessa possibilidade? Estamos caminhando para a "República das bananas"..."
Ana Lucia Fusco (São Paulo, SP)

À luta
"Tendo conhecimento de tudo o que se passa no governo, fico questionando por que nós, como cidadãos brasileiros, não somos capazes de partir para a luta pela dignidade de nosso país. Diante do atual panorama político brasileiro, sinto-me fraca e desolada, pois não encontro forças para me manifestar. Sozinha? Impossível! Assim como eu, percebo que outros cidadãos não encontram apoio para manifestações. É hora de reagir, mostrar que temos forças perante um partido corrupto e um Congresso desmoralizador. Vamos nos unir, ter coragem para lutar. Os nossos sindicatos sempre estiveram à frente das lutas sociais, mobilizando a população. E agora? Onde estão?"
Elisabeth Borges Affonso (Santos, SP)

Violência
"A garota que fazia malabares nas ruas de São Paulo e foi vítima de estupro descreveu o homem que a violentou, anotou a placa de um carro cujo dono se assemelha à descrição feita e teve a agressão confirmada por um hospital. O suspeito demorou mais de 72 horas para se apresentar, disponibilizou o carro para a perícia 40 horas após o registro da ocorrência e foi reconhecido pelas crianças posteriormente. Sinceramente, assim como pede a nota oficial da família Boulos, que Deus ilumine a verdade e, se Gaby Boulos for culpado, que o erro seja reparado. Chega de filhos bem nascidos que matam os pais, cometem assassinatos em cinemas ou estupram filhos alheios e, mais tarde, simplesmente viram herdeiros."
Maria Luiza Pires (São Bernardo do Campo, SP)

Armas
"Não há dúvida de que o desarmamento, sozinho, será incapaz de reverter toda a violência existente em nosso país. Aliás, isso é verdade para qualquer medida isolada que for analisada como resposta a um fenômeno tão complexo quanto a violência. O referendo, contudo, dará à população a oportunidade de interferir diretamente na construção das políticas de combate à violência, abrindo a possibilidade de acabarmos com a venda de armas e munições em nosso país. Por trás do debate entre armas "legais" e "ilegais" se esconde o fato de que a imensa maioria das armas ilegais entrou no mercado de forma legal. Fechar a entrada das armas legais, portanto, contribuirá decisivamente para reduzir o acesso de criminosos às armas."
Denis Mizne, diretor-executivo do Instituto Sou da Paz (São Paulo, SP)

Aborto
"Estou pasmo com o discurso de entidades feministas pela legalização do aborto. Sustentam que a descriminalização evitaria os graves danos à saúde e à vida da mulher causados pelo aborto ilegal. Na realidade, sob essa bandeira de luta dessas feministas existe, camuflado, um desejo de satisfazer seus egos, como se a aprovação da legalização fosse mais uma vitória feminina na batalha entre os sexos e mais um passo para a consolidação do tratamento igualitário dentro da sociedade. É um ledo engano. Em nossa sociedade, machista, o homem, para eximir-se da responsabilidade diante da gravidez da amante e preservar o matrimônio oficial, induzia-a ao aborto como condição da manutenção do relacionamento. Pois é esse mesmo pensamento covarde e medíocre que as extremistas feministas estão ajudando a perpetuar. Para evitar os danos causados pelo aborto ilegal não se deve legalizá-lo, mas lutar pela implementação de políticas sociais de educação sexual nas comunidades carentes."
Fábio Golumbauskui (Guarujá, SP)

 

"O Brasil é um Estado laico. Crenças religiosas não podem se transformar em leis que vão reger a vida de todos os cidadãos e cidadãs. Estima-se que, no país, sejam realizados de 700 mil a 1 milhão de abortos clandestinos por ano, o que comprova que continuar punindo não vai diminuir a prática. E são exatamente as mulheres pobres, que não podem recorrer ao aborto seguro, que põem a própria vida em risco ao interromper uma gravidez indesejada. Os gestores públicos não podem se comportar como se o tema do aborto não lhes dissesse respeito."
Gilberta S. Soares, secretária-executiva das Jornadas Brasileiras pelo Direito ao Aborto Legal e Seguro (João Pessoa, PB)


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