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Editoriais
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No escuro, de novo
Os apagões têm se tornado rotina em algumas partes do Brasil,
sobretudo em São Paulo. Não por
falta de produção de energia, como ocorreu há dez anos, mas por
deficiências sérias tanto no sistema de transmissão (longa distância) quanto no de distribuição.
Na quinta-feira, nova falha deixou cerca de 700 mil paulistanos
no escuro por uma hora, no início
da noite. Parte do metrô parou,
confinando passageiros que iam
para casa. Semáforos se apagaram, piorando o caos do trânsito.
Mês passado, um apagão já havia deixado áreas da cidade sem
luz por mais de dois dias. Meio milhão de pessoas ficou sem água,
porque estações de bombeamento
da Sabesp pararam, sem energia.
Os motivos dos apagões são diferentes. No mais recente, uma falha em uma subestação de transmissão de energia; no de junho,
um vendaval que derrubou a luz.
Também são distintas as empresas responsáveis por eles: neste
evento, a Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista; no outro, a Eletropaulo.
Nos dois casos, no entanto, os
governos estadual e federal também têm responsabilidades. As
agências reguladoras, de ambas
as esferas, precisam ter uma atuação mais efetiva que a atual.
A cada apagão, os anúncios de
novas e pesadas multas servem
apenas para que o consumidor se
sinta vingado, momentaneamente, pois parecem ter impacto quase nulo. Sucessivos recursos reduzem muito o seu valor ou adiam o
pagamento indefinidamente.
Essa leniência se reflete no serviço oferecido à população. Depois de três anos em queda, o número de apagões considerados
graves aumentou 90% em dois
anos. Em 2010, foram 91 casos em
que as interrupções de energia ultrapassaram 100 megawatts -o
suficiente para abastecer um município de 400 mil habitantes.
Além de uma atuação mais incisiva das agências, é necessário um
maior investimento para garantir
a robustez do sistema elétrico brasileiro. Nos últimos dois anos, mega-apagões atingiram vários Estados de modo simultâneo e afetaram até 70 milhões de pessoas.
São muitas, portanto, as vulnerabilidades do fornecimento de
energia elétrica no Brasil. A percepção é que os apagões se intensificam, sem que os governos tenham capacidade de reagir.
A presidente Dilma Rousseff,
que foi ministra de Minas e Energia antes de ir para a Casa Civil, e o
governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, devem cobrar melhorias das concessionárias por meio das agências reguladoras do setor, respectivamente a
Aneel e a Arsesp.
Até o momento, os esforços, para além da retórica, foram tímidos,
com consequências danosas para
os consumidores brasileiros.
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