São Paulo, Sábado, 31 de Julho de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CORRUPÇÃO NA DERSA

O Tribunal de Contas do Estado voltou a apontar irregularidades nos contratos firmados entre a empresa Power Serviços de Vigilância, que pertence a um velho amigo do governador Mário Covas, e um órgão estadual -dessa vez, a Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S.A.).
Causa estranheza a persistência desses episódios numa gestão que é tida como idônea. No caso da Dersa, teria havido superfaturamento da ordem de 157%, conjugado com a falsificação de documentos. Registre-se, a favor do governador, que a própria Dersa detectou a ilegalidade numa sindicância e moveu uma ação ordinária de cobrança contra a Power para cobrir o prejuízo.
Entretanto, desde a posse de Covas, em 1995, a Power e a Tejofran, do mesmo empresário, conseguiram sucessivos contratos de prestação de serviços. Apenas em 1997, o Tribunal de Contas do Estado constatou irregularidades em nada menos que sete desses contratos, num valor total de cerca de R$ 44 milhões.
No início deste mês, surgiram outros fatos estranhos. Soube-se que a empreiteira Construtécnica, a principal doadora da campanha de Covas em 1998, executou as seis maiores obras do Estado na área cultural, por vezes driblando impedimentos dos editais, como a participação de firmas concordatárias, ou obtendo obras sem licitação.
Cada vez que essas revelações emergem, o governador justificadamente se aborrece. Entretanto, em vez de silenciar quando proliferam suspeitas e acusações, é melhor que as autoridades envolvidas venham a público a fim de provar que as denúncias não passam de maledicência inaceitável. É o que se espera que venha a ocorrer nesse caso.


Texto Anterior: Editorial: POBREZA SULINA
Próximo Texto: São Paulo - Clóvis Rossi: Bird x ACM e FHC
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.