São Paulo, Sábado, 31 de Julho de 1999
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PAINEL DO LEITOR

Efeitos da greve

""A matéria de capa (abertura) da edição desta sexta-feira (30/7), com título "Governo cede e greve termina", traz uma informação, atribuída ao ministro dos Transportes, Eliseu Padilha, que não retrata a verdade. No subtítulo diz: "Gasolina deve subir mais, após o acordo que susta reajuste do diesel" -e no texto, embora não estando entre aspas, diz: "Devido ao acerto sobre o diesel, a gasolina deverá subir mais que o previsto, disse o ministro Eliseu Padilha (Transportes)".
Acontece que, em nenhum momento, o ministro Padilha afirmou que a medida compensatória, devido ao não-reajuste no preço do diesel, seria sobre o preço da gasolina. Textualmente, o que o ministro dos Transportes disse foi o seguinte: "Essa será uma explicação que o governo dará de forma mais ampla. Por certo, o presidente Fernando Henrique Cardoso tem, de outra forma, como compensar isso que poderia representar algum tipo de prejuízo em arrecadação com essa diferença". "E qual seria essa compensação?", indagou o repórter, ao que o ministro respondeu: "Essa teria de ser resolvida pela área econômica do governo e eu não tive acesso a essa informação".
Para bem da verdade e para que se garanta aos leitores da Folha de S. Paulo o acesso à informação correta, evitando contradições que possam gerar confusões sob vários aspectos, gostaríamos que tal distorção fosse corrigida na próxima edição, se possível ocupando igual espaço nobre deste importante veículo de comunicação."
Paulo Félix, assessoria de comunicação social do Ministério dos Transportes (Brasília, DF)
Nota da Redação - Indagado pelo repórter da Folha se a perda de arrecadação com a suspensão de reajuste do óleo diesel seria compensada com um aumento maior do preço da gasolina, o ministro respondeu: "É uma tendência, mas quem vai definir isso é a equipe econômica".

"Dentre os pontos acordados para por fim à greve de caminhoneiros que paralisou o país está o aumento do limite de pontos no prontuário desses profissionais para suspender a carteira. Quem trafega pelas estradas do país pode constatar a agressividade e o desrespeito que tais profissionais têm para com os demais motoristas. Tal medida somente serviria para a contemplar a irresponsabilidade já elevada dessa categoria."
Jorge Luís de Camargo (São Paulo, SP)

"Uma das reivindicações dos caminhoneiros era a redução do pedágio nas estradas, pedido esse que vai ao encontro da revolta de todos nós que, quando podemos sair para um descanso no fim-de-semana, somos obrigados a deixar em torno de R$ 12,00 nas rodovias dos Bandeirantes e Anhanguera que, até o km 120, têm três pedágios (um a cada 40 km). Um absurdo!"
Daniela Di Mario (São Paulo, SP)

"Os editoriais da Folha, a cada greve ou movimento popular de protesto, clamam pelo fim da baderna, sugerindo outras formas de reivindicação. Quais formas? Por acaso dá para resolver os problemas da terra no Brasil conversando com ministros ou deputados? E a questão das estradas? Dá para conversar com o ministro ou debater com os funcionários dos pedágios?"
João Batista Freire (Campinas, SP)
Nota da Redação - A Folha defende o princípio de que os movimentos de reivindicação devem respeitar os direitos constitucionais.


Falência do Mappin

"Diferentemente do direito falimentar francês, em que a diretoria é afastada da empresa insolvente e preserva-se a economia, os credores, a arrecadação tributária a médio e longo prazo e, principalmente, os empregados, o direito falimentar brasileiro retrata o próprio governo do país: prevalece a desordem da economia, com o imediato fechamento da empresa, a insegurança dos credores, a garantia dos créditos imediatos tributários em prejuízo de arrecadação futura, que só perdem em preferência aos trabalhistas e, com toda a frieza de um país subdesenvolvido, dispensa empregos como se houvesse excesso de ofertas."
Antonio Fagundes Junior (Sertãozinho, SP)

Cesp

"Movido por convicção desinteressada, escrevi um artigo -publicado pela Folha no sábado passado (Dinheiro)- revelando alguns detalhes da privatização da Cesp, cuidadosamente abafados na propaganda oficial. Para meu espanto, o artigo tirou a serenidade do secretário de Estado da Energia, que, à guisa de resposta, veio a público na última quarta-feira (Dinheiro) com uma diatribe que, se outros méritos não teve, foi ao menos muito engraçada, por desnudar a dialética (e a sintaxe) das autoridades que estão vendendo o patrimônio público. O único reparo que faço ao ilustre secretário é que se esqueceu de responder à singela perguntinha que apareceu logo à testa de meu artigo: quem ganha com a privatização da Cesp?"
Joaquim F. de Carvalho (Rio de Janeiro, RJ)

Maeli Vergniano

"Em referência à reportagem "Marido de Maeli depõe e é indiciado pela polícia" (São Paulo, 29/7), é preciso destacar que, segundo nosso Supremo Tribunal Federal, e é entendimento pacífico esposado por todos os estudiosos de direito, "não constitui gravame moral o indiciamento criminal em uma delegacia". Tal procedimento é apenas um fato administrativo que não se constitui, via de fato, na condenação do indiciado.
Não há até o momento nenhuma prova materializada contra a vereadora Maeli Vergniano ou contra seu marido, Josué Magliarelli.
No processo judicial, os procedimentos probatórios objetivam tornar certos os fatos que aparecem controversos nas versões conflitantes apresentadas pelas partes. Mas a prova judicial tem uma característica que a distingue. É que não basta estar o juiz convencido sobre os fatos. Ele, juiz, também deve convencer outras pessoas -as partes, os juízes superiores, a sociedade em geral- sobre a correção de suas conclusões."
Boaventura Cisotto Netto (São Paulo, SP)

Contrastes em Salvador

"Você já esteve em Salvador? Belezas naturais, alegria, uma população constituída predominantemente por negros e pardos... Ônibus com ar-condicionado para os turistas, Pelourinho restaurado, muito policiamento nas ruas e... pobreza!
Negros morando mal, ganhando mal, brancos em posições de destaque, morando nos melhores bairros e estudando nas melhores escolas. Grupos tentando promover o bem-estar social dos negros -mas eles não são a maioria? Até quando o negro vai ter que estudar a cartilha do branco? Salvador precisa dar uma lição de anti-racismo e antidiscriminação para todo o país."
Eunice de Piero (Campinas, SP)


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