São Paulo, terça-feira, 31 de agosto de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Língua
"O editorial "Língua obrigatória" (Opinião, 30/8) lida com um problema crônico em nossa política educacional: a fixação de leis, que até são boas, mas não têm mecanismos eficazes de verificação de seu cumprimento. Dizer em lei que se deve ensinar línguas estrangeiras é inócuo, pois na escola pública nem a língua pátria é ensinada adequadamente. Nobre é a idéia de promover o ensino da língua do Mercosul, mas mais digno seria alocar recursos e estrutura suficiente para que todas as disciplinas básicas fossem bem ensinadas, passando pela melhor capacitação de nossos heróicos profissionais da educação. O fato de um aluno ter até sete anos de inglês na escola (quatro no fundamental e três no médio) não o capacita a ler, a escrever nem, muito menos, a falar essa língua."
Adilson Roberto Gonçalves, professor universitário (Lorena, SP)

Vanderlei
"Inacreditável o fato de ninguém da segurança dos Jogos Olímpicos ter notado a presença de um sujeito usando saia e com um cartaz pendurado nas costas. É injusto que um atleta que se dedicou por toda uma vida seja ceifado da vitória e da glória por obra de um maluco. Vanderlei Cordeiro de Lima merecia o ouro que lhe tiraram. O que diriam se isso tivesse acontecido no Brasil?"
Guilherme Maciel de Bem (Florianópolis, SC)

Fina ironia
"Os deuses do Olimpo, no final da Olimpíada, riram dos mortais com uma cruel ironia: Cornelius. Imaginemos que a competição não tivesse sido na Grécia, mas no Brasil. Que o atleta agredido não fosse brasileiro, mas americano ou europeu. Que a bandeira de Cornelius não fosse de Israel, mas da Palestina. Seria o apocalipse. Mas foi uma simples ironia de algum dos deuses do Olimpo."
José Isaac Pilati (Florianópolis, SC)

Seleção feminina
"Fernando Rodrigues é um dos meus colunistas preferidos. Mas, desta vez, não concordo com a associação que fez no artigo "Êta esquadrão de ouro" (Opinião, pág. A2, 30/8). Nossa seleção feminina foi melhor do que a dos EUA em tudo: em organização em campo, em talento, em ousadia e em vontade de ganhar. O teor de seu artigo reflete bem a nossa realidade, mas a associação melhor talvez fosse com a posição do Brasil no quadro geral de medalhas."
Sílvio Sam (São Paulo, SP)

Dia seguinte
"O Folhateen está de parabéns pela reportagem sobre anticoncepção de emergência ("Sexo depois do dia seguinte", pág. 6, 30/8). Esse é um grande recurso para evitar a gravidez indesejada, porém é preciso alertar sobre os riscos caso a prática se torne rotina. O ideal é o uso do preservativo simultaneamente com outro anticoncepcional, o que também deve estar unido a uma prática responsável, que inclui a educação sexual e a informação dos mais variados métodos."
Dulce Xavier, integrante da organização Católicas pelo Direito de Decidir (São Paulo, SP)

Cultura
"Agora, sim, senti firmeza no ministro Gilberto Gil. Refiro-me ao texto publicado em 26/8 ("Audiovisual, uma indústria estratégica", "Tendências/Debates", pág. A3). Ao ler suas palavras, lembrei porquê toda a minha geração de músicos o ama. Nos anos 60, eu estava no primário e já tocava na bandinha da escola. Gil, Caetano, Chico eram nossos heróis. A ruptura estética que fizeram com os padrões da época era tão forte que foram convidados ao exílio. O Brasil rezava por eles. Agora rezo para que Gil, como ministro da Cultura, modernize a maneira de produzir cultura no Brasil. Se isso for fascismo, o que será a liberdade?"
Itacyr Bocato Júnior, trombonista (São Paulo, SP)

Moradores de rua
"Vejo a Folha fazer a melhor cobertura em relação aos assassinatos dos moradores de rua. Devo acrescentar que, a partir da entrevista quase perfeita de domingo com o padre Júlio Lancellotti ("Quem são essas pessoas?", Brasil, 29/ 8), a Folha deverá ser o veículo mais creditado, e o padre Lancellotti já não será somente o responsável pela pastoral do povo de rua, mas o arauto de uma população que soma 3% da população da capital."
Elias Elliot (Campinas, SP)

Apartidária
"Apartidária que sou, porém apaixonada por política, é fácil para mim entender certas concepções e motivações. No artigo "Marta x Serra" ("Tendências/Debates", A3, 30/8), a articulista fez uma supercampanha eleitoral para Marta e simplesmente "regurgitou" em José Serra (perdoem-me pelo uso de tão esdrúxulo termo). Por que o candidato à Prefeitura de São Paulo não deveria criticar o governo? Em eleições, ao longo dos tempos, a pauta tem sido "olho por olho, dente por dente". Por que seria diferente apenas agora, quando o PT é situação na esfera federal? Durante anos, o PSDB foi malhado, criticado, pisoteado por partidos que se diziam de esquerda e por nós, sem partido. Assim, ele merecia um democrático direito de resposta. Não nego ter participado de quase todos os atos contra a situação anterior, mas a dialética me persegue. O que a leitora deseja? O PSDB está aprendendo a fazer oposição -aliás, muito bem."
Modesta Trindade Theodoro, professora do ensino fundamental (Belo Horizonte, MG)

Dream Team
"Parabéns à Folha pela volta de Fernando Gabeira, ainda que só quinzenalmente (Ilustrada). Com Leonardo Boff no elenco, o jornal teria o "time dos sonhos"."
José Silveira da Rosa Filho (São Paulo, SP)

 

"Foi realmente uma gratíssima surpresa encontrar a coluna de Fernando Gabeira de volta à Folha. Espero termos de volta a perspicácia de seus argumentos e o seu brilho raro. E parabéns ao jornal pela manutenção da coluna do Marcelo Gleiser (Mais!)."
Otacílio Batista de Sousa Nétto (Teresina, PI)

Ciência e fé
"O cardeal-arcebispo de Salvador, dom Geraldo Majella Agnelo, embasa suas idéias no preceito secularmente inibidor do desenvolvimento da medicina ocidental segundo o qual, conforme pregava o clero, o corpo humano -leia-se cadáveres- não deveria ser "violado". Quanto aos embriões já existentes nos laboratórios, resolvido o "problema" da supranumeração, como se esse fosse um mero capricho desnecessário, o que faremos com os já congelados? Interromper toda a pesquisa médica que envolve seres humanos vivos ou mortos? Fechar as clínicas de fertilização in vitro e as faculdades de medicina? Salvar os embriões congelados implantando-os em milhares de barrigas de aluguel?"
Leandro Willians Cantiero (Araras, SP)

Economia
"Luiz Carlos Bresser-Pereira, no artigo 'Objetivos possíveis' (Dinheiro, 30/8), diz a verdade raramente declarada pelos analistas: os países ricos não estão interessados em nosso desenvolvimento. As reformas são por eles exigidas para benefício próprio, não para o nosso benefício. Só divirjo da afirmação de que essa política econômica seja equivocada. Entendo que ela seja intencional e claramente premeditada."
Roberto Doglia Azambuja (Brasília, DF)


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