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FERNANDO RODRIGUES
A novidade
BRASÍLIA - Marina Silva discursou ontem por 34 minutos. Filiou-se ao Partido Verde. Firme, culta,
falou para a classe média bem informada. Citou Gandhi, Mandela, Luther King, Leonardo Boff, Santo
Agostinho e Guimarães Rosa.
A cerimônia foi transmitida ao vivo pela internet. A senadora pelo
Acre deixou o PT disposta, como
disse, a "construir uma nova casa".
Ela é uma novidade, mas se soma a
outra ainda maior que é o uso da
web na política. O PV e sua cúpula
parecem estar dispostos a pisar firme nessa estrada irreversível.
Se for candidata a presidente, o
maior obstáculo de Marina é o tamanho de seu novo minúsculo partido e o tempo mínimo que terá na
TV durante a campanha. Aí entrará
um pouco, como ontem, a força
realmente nova da eleição de 2010:
o uso amplo da internet.
Mas é necessário relativizar antes de classificar Marina como um
"Obama de saia". Nos EUA, foi
transposta no ano 2000 a barreira
de mais de 50% dos domicílios conectados à rede mundial. Aqui, numa conta otimista, haverá cerca de
60 milhões de internautas em 2010
-num universo próximo de 200
milhões de brasileiros.
É claro que 60 milhões formam
um contingente nada desprezível.
Mas esse é também o número mínimo de votos para vencer a eleição
presidencial de 2010 -Lula, em
2006, foi reeleito no segundo turno
com 58,3 milhões de votos.
Marina Silva certamente terá como se beneficiar do novo meio. Sobretudo arrecadando fundos e oferecendo uma forma de participação
eficaz aos seus eleitores nestes tempos de praças vazias.
Ainda assim, no Brasil, é sobretudo pela TV o contato com os eleitores. Até porque está prestes a ser
votada uma lei no Congresso restringindo o uso da web na política.
Tudo somado, sem alianças para
turbinar seu horário eleitoral, a senadora acriana arrisca-se a entrar
na disputa sem chances reais.
frodriguesbsb@uol.com.br
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