São Paulo, segunda-feira, 31 de agosto de 2009 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br Visionários de Minas Gerais
ROBERTO TEIXEIRA DA COSTA
A PALAVRA visionário é usada com frequência de uma forma negativa. Segundo o dicionário "Houaiss", visionário tanto pode ser aquele que tem ou acredita ter visões como aquele que tem ideias grandiosas e acredita em implementá-las. Essas reflexões me vieram à mente após uma nova visita a Belo Horizonte, Brumadinho e Nova Lima. Estive inicialmente visitando o Centro de Arte Contemporânea, idealizado, fundado e dirigido pelo empresário Bernardo Paz, na cidade mineira de Brumadinho. Inhotim é um instituto cultural privado, sem fins lucrativos e que possui um incrível acervo de arte contemporânea de artistas nacionais e estrangeiros, bem como um acervo botânico planejado pelo genial Roberto Burle Marx, onde encontramos uma das maiores coleções botânicas. Em cerca de dez galerias em prédios de excepcional arquitetura ou a céu aberto e outras quatro em processo de inauguração, é possível visitar obras em exposição permanente ou temporárias, como dos brasileiros Cildo Meireles, Adriana Varejão, Tunga e Hélio Oiticica, da colombiana Doris Salcedo, do dinamarquês Olafur Eliasson, dos argentinos Grippo e Jorge Macchi, entre outros. Brumadinho dista 60 km de Belo Horizonte, mas vale a viagem, visita obrigatória de brasileiros e estrangeiros amantes da arte que queiram conhecer algo extraordinário. Essa obra excepcional veio da iniciativa de Bernardo Paz, que comprou a fazenda no local onde está o centro e transformou-a, com grande esforço financeiro, nessa realidade que é Inhotim. Orgulho para os mineiros e brasileiros. Portanto, Bernardo Paz é o nosso primeiro visionário. O segundo visionário é Emerson de Almeida, que transformou a Fundação Dom Cabral num centro de excelência na educação de executivos, hoje de reputação internacional. Quem conhece a determinação e a tenacidade do Emerson não se surpreende com os resultados alcançados. Acaba de inaugurar seu segundo prédio no campus de Nova Lima, que abriu as portas para instalar o seu comitê consultivo internacional. O novo prédio será um centro de desenvolvimento de cultura e gestão. A Fundação Dom Cabral destaca-se pelos cursos abertos, bem como pelos cursos fechados e direcionados às necessidades de empresas nacionais e estrangeiras. O terceiro visionário é uma mulher: Angela Gutierrez. O Museu de Artes e Ofícios (MAO), que ela preside, é um espaço cultural que abriga e difunde um acervo representativo do universo do trabalho, das artes e dos ofícios do Brasil. Iniciativa do Instituto Cultural Flávio Gutierrez (ICFG), em parceria com o Ministério da Cultura e a CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos), o MAO preserva objetos, instrumentos e utensílios de trabalho do período pré-industrial brasileiro. Criado a partir da doação ao patrimônio público de mais de 2.000 peças da coleção de Angela Gutierrez, o MAO revela a riqueza da produção popular, os fazeres, os ofícios e as artes que deram origem a algumas das profissões contemporâneas. O museu foi instalado na estação central do metrô de Belo Horizonte. Para abrigá-lo, foram restaurados dois prédios antigos, de beleza arquitetônica, tombados pelo patrimônio público. Sente-se em tudo que ali está o dedo e a mão firme e determinada de Angela Gutierrez. Ela dedica-se integralmente à causa das artes e à promoção da cultura mineira e de temas sociais. Sua casa é uma verdadeira embaixada em Belo Horizonte. Isso sem falar na realização de Museu de Oratórios, de Ouro Preto, e do Museu de Santana, prestes a inaugurar em Tiradentes. Certamente existirão muitíssimos outro visionário em Minas Gerais, entre os quais poderia citar José Alberto de Camargo, agora aposentado, mas que transformou a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração de Araxá numa empresa modelo, entre outras coisas pelo modelo de relação entre capital e trabalho. Com visitas como essa é que a confiança em nosso país amplia-se. Parabéns a Minas Gerais e a seus empresários visionários! ROBERTO TEIXEIRA DA COSTA, 74, economista, é sócio-fundador da Prospectiva - Consultoria Brasileira de Assuntos Internacionais. Foi o primeiro presidente da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), um dos fundadores do Cebri (Centro Brasileiro de Relações Internacionais) e presidiu o Conselho de Empresários da América Latina. Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES Eduardo Wurzmann: Acesso a um ensino superior de qualidade Próximo Texto: Painel do leitor Índice |
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