|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
ELIANE CANTANHÊDE
Fechou-se o cerco
BRASÍLIA - Foi-se o tempo em que
o petróleo era nosso. Agora, o petróleo é de Lula. As fotos do presidente mais popular da história, de
capacete da Petrobras, num macacão cor de abóbora e com as mãos
sujas de óleo da nova bacia são a
principal imagem da campanha de
2010 e o símbolo da simbiose do Estado com um projeto de poder.
Como ensina o marqueteiro do
rei, João Santana, campanhas não
trabalham com a realidade e a verdade, mas com símbolos e com a
emoção e o imaginário coletivos.
Foi por isso que as estatais e até o
BNDES -que não é banco de varejo
nem presta serviço- entraram na
dança da propaganda subliminar,
veiculando durante meses na TV,
antes e durante a campanha, um
paraíso onde tudo é lindo e todo o
povo, feliz e satisfeito. Mas nada se
compara ao uso da Petrobras. E assim foi-se definindo a eleição.
Dilma assumiu cedo a dianteira e
só veio caindo desde o final do primeiro turno sob pressão da entrada
em cena de Erenice Guerra. Serra
passou a subir no segundo, herdando parte dos votos de Marina.
O ponto de equilíbrio, com ambos batendo no teto, chegou antes
do cruzamento das duas linhas. Daí
à certeza da vitória de Dilma, à desmobilização da oposição, à praia do
eleitor tucano no feriadão. Com dez
pontos de diferença, o resultado está praticamente definido.
Hoje, a eleição acaba e muitas
perguntas começam: Lula se contentará em ser o líder mundial contra a fome, ou vai continuar presidente de fato do Brasil? Dilma assumirá de vez a fantasia da candidata
ou voltará a ser a gerentona? Quem,
e como, vai controlar o PT, o PMDB
e PSB (além dos menos cotados)?
Com o cenário externo a favor e a
casa arrumada em 16 anos, Dilma
tem tudo para fazer um bom governo. Mas torcendo para não haver
sobressaltos na economia. Ela, a
economia, deu a liga para a imensa
aliança vitoriosa a favor de Dilma.
O carisma de Lula, o marketing e a
falta de prurido fizeram o resto.
elianec@uol.com.br
Texto Anterior: São Paulo - Fernando Canzian: Vilma Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Gran Circo Brasileiro Índice | Comunicar Erros
|